quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

TIGRE e DRAGÃO - R - V - O quarto saúdo


É um saúdo para com o companheiro, para que ele saída que todo o trabalho que será desenvolvido é para o bem e crescimento de ambos e não de cada um.
           
Este saúdo – é continuidade e extensão dos anteriores. 



De facto – os saúdos são círculos de aperfeiçoamento entrelaçados – que existem no princípio e no final da prática - e que traduzem intenções concretas marcadas conscientemente entre os iniciados.



O Saúdo para com o companheiro reconhece nele um elemento gerador de mudança – sem o qual, simplesmente – estaria confinado a um caminho interior de introspecção e aprofundamento, sem a virtude que o “irmão” aporta com a sua entrega e dedicação.



Assemelha-se ao saúdo anterior – tendo aqui a diferença de que não existe uma relação de orientação ou apontamento de exercícios a praticar (como é no caso do professor). 

Apesar disto – efetivamente – todos os praticantes (e o professor – como todos nós – ao longo da sua vida e enquanto integrante da Arte, sempre o será) se “ensinam” e ENTREAJUDAM. 



Sabemos pois – que o “mestre” é o GRANDE OCULTO, a SINTONIA UNIVERSAL QUE NOS CHAMA, a melodia universal que apela a nós - acordes- a ocupar o lugar que nela nos corresponde.



Sabemos pois – que, quanto mais de mim eu ofereço – quanto maior a dedicação – maior a capacidade que ofereço ao companheiro de crescer, evoluir, de “subir a montanha” com passos efetivamente firmes: mais do que com meras repetições sem sentido ou alegorias que não a verdadeira ARTE.


Por isso, por exemplo – quando se experiencia o tigre: a rocha, a firmeza, a solidez de carácter e de valores – nada há a espantar que exista VIGOR nas técnicas e exercícios: OS PRATICANTES INICIADOS SABEM que este é apenas o caminho, a via, o meio através do qual se exercitam num aspecto particular da sua CONSCIÊNCIA GLOBAL MAIOR.


Contudo – para chegar ao todo -  somos convidados a percorrer toda e cada uma das partes – com VERDADE, com a INTENSIDADE, TEMPO e PERSEVERANÇA necessárias para que fique gravado no SER a QUALIDADE que se pretende despertar e que – no início – é apenas o POTENCIAL DORMENTE do ser que despertou de forma incipiente quando deu o seu primeiro passo no caminho, via ou DAO.


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Interregno - umas palavras de Di-Som



Já iniciamos o percurso de APRENDIZAGEM que nos leva a APREENDER (mais do que o simples decorar ou "saber" teórico e mais algo a EXPERIENCIAR e VIVER: para EVIDENCIAR  e SER) - essas certas qualidades que nos orientam no caminho longo e profícuo da Arte.



Assim, começando do mais simples - temos as quatro características Físicas de Base (características estas que iremos desenvolvendo em maior pormenor à medida que avence a prática e a nossa respectiva compreensão da mesma) - todos - ALUNOS e PROFESSOR, crescem...



Sempre que respeitem os princípios e fundamentos da arte e entendam o substrato por detrás dos cinco saudos.

O Professor cresce tanto ou mais  já que é uma unidade com os seus alunos - se eles não evoluem o professor tampouco - e vice versa.



Começamos a abordagem das Características Motrizes aplicadas ao Tao.

Recordamos que são elas a coordenação, o Equiliíbrio, o Ritmo, a Orientação Espacial e a Lateralidade.

Cada um destes factores divide-se em várias áreas específicas que teremos oportunidade de praticar.



Como vêm... passamos da base - da terra - da rocha.... do Tigre e envolvendo-nos em funções de maior grau de exigência em termos de subtileza e definição.

Seguidamente falaremos dos Princípios Técnicos.


Para que tenhas uma ideia, incluem:

Ofensividade/Defensividade;
Bases de Execução (como os vários fundamentos biomecánicos no desenvolvimento de uma técnica de punho horizontal);
Simetria (tanto aplicada ao Tao como à própria capacidade do praticante de a espelhar em seu movimento); Alternancia (mudanças técnicas, físicas e motrizes que dinamizam o Tao - técnicas longas e curtas/ lateralidade/ variação alturas, ritmos diversos para técnicas diversas, relação força/ velocidade, momentos de pausa propositada no Tao e momentos de actividade ...);

Especificidade, formas de translação, estratégias, aplicações;

Agora - e como diria Di-Som:

"A Tua verdadeira força está no teu pensamento, não nos teus músculos"



Assim - um pensamento límpido, cristalino: com completa noção das características envolvidas no desenvolvimento de uma técnica é uma mente que está operando de forma activa para a melhoria e o bem estar do praticante.



Depois - um forte sentido de si, dos seus valores e estrutura - é a BASE de APOIO FUNDAMENTAL para tomar OPÇÕES NA VIDA que estejam de acordo com o caminho que se escolhe.

        

Aqui, evoluindo na sequência de refinamento ou despertar consciente - vemos aparecer os FACTORES PSICOLÓGICOS inerentes à prática e - concretamente - à pratica do Tao.

Ficando por aqui, de momento, diremos que estes factores se relacionam com:



- Inteligência: (capacidade de encontrar alternativas ao caminho perseverando na sua intenção original);
- Perseverança: (manter uma meta, um foco de atenção genuinamente nascido no interior e seguir esse foco tanto quando as coisas sorriem como quando se apresentam menos agradáveis);
- Vivência: (unifica e amplifica as sensações corporais. Expande a nossa consciência e melhora o nosso aperfeiçoamento;


- Afectividade: sentimento, sensação, pensamento e movimento são parte integrante dos actos. Intervindo num destes factores - quando o corpo modifica a sua estrutura - a mente e o estado anímico modificam de forma espelhada - alguém deprimido de costas encorvadas e olhar baixo, realizando um tao de força, alterará o seu estado anímico...);


- Segurança/ Relação/Solidariedade - três factores entrelaçados que denunciam o praticante que expandiu o horizonte do medo que o definia para caminhar na certeza de ser e estar a fazer o que é "bem feito" - Kung-Fu;


- Cognição - "prémio" que o Universo confere ao praticante que honra os princípios e neles caminha desperto. é  a capacidade de "ver com o olhar do coração" - experienciando através do interior e abrindo portas para a criatividade pluripotencial plena;



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O tigre e o dragão - R - IV - o terceiro saúdo


     É um saúdo de respeito, por pessoas que deram todo o que tinham e o que não tinham, que sofreram e morreram, para permitir que as ervas -daninha não escondam o verdadeiro caminho.     


  
Este saúdo implica HONRAR o caminho, dedicação, perseverança, bem fazer – MÉRITO de todos aqueles cujos passos ecoam em cada uma das aulas que desenvolvemos e ao longo da nossas vida através das técnicas e virtude que colheitamos com o nosso “Kung-Fú”;




Implica RECONHECIMENTO das pessoas – humanas como todos nós – que aspiram: de forma honesta, sincera e comprometida – a elevar a sua consciência para se entrelaçar na consciência maior – interagindo com os restantes irmãos desta nossa humanidade que caminha – no sentido da sua própria elevação, refinamento, despertar ou simples expansão de consciência para o SER MAIOR ao que estão abraçados e do qual são parte integrante…



Implica todos aqueles que – de forma honesta, humilde e constante – praticam a arte do “bem fazer” através de um método que se apresenta como coerente, harmonioso e que possibilita uma VIA de encontro para com o outro e nós mesmos… no fundo – para com a verdade que sentimos estar a chamar em cada passo do nosso caminho e que – por vezes – ainda não conseguimos discernir de forma plena… e confiamos vir a discernir – sabendo que, para isso – outros tramitaram esta mesma via – e foram (e são) bem sucedidos). Isso é CELEBRADO por nós praticantes – neste saúdo.


domingo, 27 de janeiro de 2013

TIGRE E DRAGÃO - R - IIIa - O Segundo Saúdo



É um saúdo para com aquele que se esforça para ensinar (por vezes difícil), para ele saber que a nossa consciência esta inteiramente presente no espaço de privilégio.      





É o “GRANDE MESTRE OCULTO” o que ensina. Professor e praticante revelam níveis de refinamento diversos – como que terrenos mais ou menos preparados para que as sementes de virtude possam aparecer. 




O Professor compromete-se neste saúdo, através do saber especifico que procurou e lhe foi confiado – a desenvolver uma relação de acompanhamento, discernimento, modelagem que permita as condições necessárias para que os vários potenciais do aluno se possam concretizar – o Professor FACILITA o terreno fértil para que as “boas sementes” cresçam e reduz a possibilidade de que outras sementes (de ruído interior) possam germinar no chão do praticante. 




O Praticante compromete-se: desligando-se do padrão de conhecimento prévio entre ele e o professor – a dar o seu melhor nos exercícios que lhe são propostos – seguindo o WU-DE (e o respeito ou HONRA – que implica a relação com o professor, os companheiros e que – na realidade – traduzem a relação com o seu verdadeiro SER);



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O TIGRE e o DRAGÃO - R - III - os cinco saúdos - parte I


O Primeiro Saúdo:

Não é um saúdo para com ninguém ou para com nenhum sitio é um saúdo para nos mesmos, para “ligarmos o Butão” de concentração, de esforço de vontade.




UM gesto implica uma atitude: marca no tempo – na memória interior – uma vontade e afirma um caminho – um sentido, uma orientação, uma aspiração… marca uma lembrança, dá a entender ao aspirante que despertou para a consciência de ter um sentido, de estar aqui com um propósito, de caminhar numa direcção determinada – seguindo certo código de valores que vão despertando a consciência dormente dos valores originais latentes em cada um de nós.




O Saúdo ao espaço de privilégio marca de forma concreta uma linha de divisão entre o que poderia ser estar em “consciência dispersa” para o que poderia ser “estar em consciência alerta” e é desenvolvido na entrada para o lugar de privilégio (aspecto concentrado que permite um acesso mais simples às realidades específicas que pretendemos atingir como praticantes) e o momento de saída – no qual deixamos novamente a marca consciente do ganho acrescido ao final da prática de entrega e devoção que realizamos;





Conscientes de que o mundo acelerado do “exterior” poderia apagar factos e aprendizagens valiosos se os mesmos não forem atesourados – trazidos à luz do foco vital (ou foco de atenção) e assim preservados do “ruído” que as nossas acções levantam num mundo maior ainda em processo de desenvolvimento e abertura de consciência para  a sua realidade contextual EXPANDIDA.




O praticante – neste saúdo – CELEBRA a alegria de estar de regresso ao tempo, local e companheiros que evocam nele o sentido de refinamento, o caminho ou via de regresso a casa: 




– esse estado de SER que procuramos manter de forma REGULAR e em doses cada vez maiores;



para que seja gradualmente a REALIDADE na que EFECTIVAMENTE vive e se desenvolve o praticante.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

TIGRE E O DRAGÃO - R II - ESPAÇO DE PRIVILEGIO




1-     Espaço de privilégio, é quando nasce um círculo, independentemente do lugar, do dia ou da hora, se nasce um verdadeiro perfeito e equilibrado circulo, então estamos num espaço de privilégio. É como é chão que pisamos, se for perfeito e plano, então caminhar é rápido e aconchegante, mas se o chão não é perfeito então a caminhada tornasse penosa.




O Espaço de privilégio implica um tempo – programado, querido e estimado como “providencial” pelo praticante – e um espaço: que, dia a dia, vá facilitando o acesso ao conceito de “refinamento”/ expansão de consciência/ integração numa Verdade Maior/ despertar gradual; representado pelos valores que norteiam a prática (WU-DE/ VIRTUDES CARDINAIS…) pela CONFIANÇA entre os praticantes (seguindo um objectivo comum e fazendo chão comum do local onde se devotam a interligar-se em padrão de harmonia.



O Fundamento é gravar a imagem concreta de um espaço, uma forma de estar, uma ATITUDE que liguem o praticante a sintonias elevadas, ou – como diria Di-Som “GERAR HOMENS SUPERIORES”.
A consciência deste espaço e tempo de privilégio cresce de forma gradual e adapta-se à capacidade do praticante para se entregar na sua vivencia de prática e no integrar o grupo no que cresce como ser humano com aspiração ao refinamento.



O Espaço de privilégio resultará assim num “templo” gradualmente inscrito no praticante – até que espaço de privilégio e praticante sejam uma relação de harmonia ou impliquem a mesma coisa.



Daqui – que o verdadeiro praticante da Arte – o que atinge o seu grau de refinamento/ sintonia/ integração prática e concretiza o seu percurso, caminho ou via (Dao) não age – ele simplesmente “É”… e – estando – ele faz (sem fazer)… simplesmente por SER.

domingo, 20 de janeiro de 2013

O QUE É KUNG-FU?




Ao longo de algum tempo, umas jovens gentes têm caminhado lado a lado comigo na VIA - o caminho que leva ao topo da montanha ou ao CENTRO;


Meditamos acerca do que é para cada um de nós o Kung-Fú, o que representam os vários saúdos que estruturam parte das nossas sessões de treino, o significado daquilo que consideramos ser o ESPAÇO DE PRIVILÉGIO: durante e no qual nos encontramos para desenvolver a nossa arte comum baixo os princípios que nos norteiam; e tecemos algumas considerações acerca do que entendemos pelo simbolismo da relação entre o Tigre e o Dragão - muitas vezes vista de forma externa e pouco lúcida.



Esta interação é "Combate" - no sentido do refinamento: dos conceitos, ideias e valores - que nos orientam.



É pulir as crenças como se faz com uma técnica - até que seja tão sólida e precisa que corte como o gume mais aguçado simplesmente por ser evocado pelo pensar.


Dito isto - apresento alguma das suas respostas - "Anónimas" - assim como os comentários emanados das mesmas.



Estamos - de certo - a fazer Kung-fu: pois sabemos que a espada representa um elemento externo ao corpo que implica um grau de mestria acrescida e sabemos que a palavra, o verbo: além das suas várias expressões ou aplicações - traduz um esforço consciente no sentido de aprimorar a harmonia na que nos movemos desfazendo os nós de ruído que - ora são a resistência para firmar o nosso propósito em avançar para a harmonia da que sabemos ser parte, era o resultado secundário de múltiplas escolhas



 (próprias e dos elementos que compõem o meio envolvente) e que implicam a presença do praticante no sentido de que se desfaçam esses nós (enquistamentos, ou paredes do ser Baças perante a visão transparente da Unidade da que é parte fundamental e constituinte...).




Dito isto - aqui fica o primeiro dos vários temas que - em sequência - vão compôr este exercício de exploração dos conceitos, valores, orientações e sentido que damos à nossa prática e que - de certo - soarão familiares a tantos outros praticantes de artes marciais verdadeiras (que é diferente de tradicionais) ou mesmo a outros praticantes de forma de  VIA e VIRTUDE que não na arte marcial - e que partilhem valores e intenção afim.



Para todos eles é dedicada esta série de textos - que, como sempre - pretendem dar a entender que a arte marcial é criada por seres conscientes e despertos para a profunda e reverente natureza do SER e assim conceberam - gradual e coerentemente - caminhos válidos para que cada um do nós possa ir percorrendo, apreendedo e - se possível - contribuindo para o seu crescimento sistemático - dentro do espírito de verdade e virtude que orienta esta PRÁTICA MILENAR.



A Todos eles - o meu (nosso - pois aqui estão também esses jovens praticantes) saúdo (marcial):