quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Mestre Nelson Barroso - Conceitos da Prática de Chi Kung - PARTE VI


Chi Kung: Energia, Saúde e Vitalidade - "As 18 Mãos de Buda"
Mestre Nelson Barroso



"pág 32:

4. Conceitos da Prática de Chi Kung




Com a prática constante e regular de Chi Kung podem ocorrer mudanças significativas, mas não espere resultados rápidos, pratique de forma sistemática e com regularidade. 

Os benefícios chegarão mais tarde e de forma permanente.


A arte marcial - em geral - implicando um CAMINHO DE VIDA - exige, como todo bom caminho: aprender o percurso, aprender-se a si mesmo como caminhante e antes de mais... aprender a caminhar...

Neste processo, cultivar o "à vontade", parece um contra censo entre uma cultura pautada para ir "contra-relógio".

Entre a nossa cultura "pop" (de consumo rápido dos elementos refinados e de efeito imediato - satisfação - com efeitos secundários pesados - consequências), a arte marcial, nos seus aspectos de:

- meditação em movimento;
- de consciencialização da dinâmica corporal;
- da dinâmica interna;
- associados à sua FACILIDADE de APLICAÇÃO em termos de espaço e tempo;

... levam a que a cadeia das "pressas" possa ser reformulada para o "mapa dos passos": 


serenos, sólidos, perseverantes...

Falamos quase da fábula da lebre e da tartaruga - não seja por isso mesmo que um célebre imperador chinês "viu" tudo o que "É" na "caparaça de uma tartaruga".




Caminhar lenta, pausadamente... sem horário marcado... andar pelo simples gosto de andar... sentindo cada fibra da planta do pé, cada inspiração e expiração, cada batimento cardíaco, cada som ao se exalar... cada som ao se inspirar... 

resulta num exemplo simples do que é entrar em estados "expandidos" de atenção consciente - que em muito divergem dos estados acelerados de atenção: se uns privilegiam áreas cerebrais nas que o diálogo e a estrutura lógica (córtex) impera, outros localizam a consciência em outros pólos de atenção que lhe vão sendo sugeridos ao praticante ao longo do seu "caminho" marcial...

Esta "mudança de paradigma", este "despertar" consciente para a realidade de si... logo - o reflexo do outro - logo o espaço integrado no mundo vivo que nos rodeia, permeia e nutre -  é uma EXPERIÊNCIA ou "processo" que se requer - como um bom cozinhado - realizado a fogo lento, com muita devoção e - literalmente - "com todo o tempo do mundo"...





Os resultados - segundo nos consta de fontes fidedignas - serão permanentes, tal como é ainda agora permanente o protocolo de atenção consciente que foi, subliminal e semi-conscientemente, adquirindo ao longo das diversas fases do seu processo de desenvolvimento e maturação em termos humanos.


Um bom caminho!

Talvez nos encontremos um dia - cara a cara - pois, agora, já nos encontramos nessa outra forma de ser e estar onde 
todos somos UM

Saúdo Marcial



terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Mestre Nelson Barroso - Conceitos da Prática de Chi Kung - PARTE V


Chi Kung: Energia, Saúde e Vitalidade - "As 18 Mãos de Buda"
Mestre Nelson Barroso



"pág 32:

4. Conceitos da Prática de Chi Kung




Deve manter a calma e a fluidez do movimento e da respiração

A Mente convencional, esquecida acerca dos seus padrões iniciais de abrangência - prévios à definição e delimitação conceptuais - necessita de um "relembrar" suave e harmonioso: como as formas, as dimensões,, as cores e o próprio tempo ganham outra intensidade, outra forma de se apresentar - através do movimento calmo e fluído (sinal de bem estar, de sintonia interior, de vida em fluxo).

No desenvolvimento de uma "meditação em movimento" - seja ela de maior pendor "yang" - como no Tai-Chi, seja de pendor marcadamente "ying" como no chi-kung - um dos primeiros "caminhos" para o interior, para a consciência pura, ou o "trono de diamante" desenvolve-se através da respiração. 
Referência sempre presente, cada vez que a atenção se desfocaliza da forma e do fluir harmonioso dos seus vários movimentos em conjunto com a respiração e visualização - uma forma simples de regressar ao padrão harmónico inicial: "regressar" à respiração e nela colocar o foco (sem dar grande importância à razão do desvio de foco de atenção) - dado que, durante o exercício - o Córtex e as funções cerebrais ditas "superiores" - complexas - não são chamadas a cena... ficando assim a capacidade de estar atento muito mais desperta e orientada para o fim que se dispõem a desenvolver: 

uma pequeno "passeio guiado pelo mundo subtil, interior, profundo... 

um passeio pelo GRANDE RESTO DE SI.








Não se esqueça, para obter efeitos permanentes, é preciso manter uma prática constante.

Tal como referido anteriormente, o compromisso legítimo para com a prática, assim como a sua promoção ao longo do tempo - seja por grande vocação à arte, seja por melhoria da saúde ou até por descoberta de caminhos válidos como referência no sentido de refinamento e evolução como ser humano - implica que - todo o esforço e dedicação que se promovam para crescer no sistema que se abraça trarão mais valias sempre que se mantenha o patamar de entrega e dedicação.

Por outro lado, as primeiras "descobertas" ou "ganhos de qualidade" implicam um ganho de consciência "subtil"... como aquele que permanece durante breves segundos ao se despertar de um sonho. Estas "recordações, sensações e -- por vezes - ideias brilhantes - resultam fogos efémeros para o dormente que não dispõe de um bloco de notas junto à mesinha de cabeceira.

Da mesma forma, sendo subtis as primeiras apreensões de ganhos e qualidade interna dentro da prática do Chi-kung, se não se grava novamente o estímulo que desenvolve a mesma, até que estímulo e forma estejam presentes de forma estável à luz da consciência do praticante - resulta difícil de gerir em planos de treino esporádicos - que tantas vezes apenas repetem a forma externa sem o conteúdo da VIVÊNCIA do PRATICANTE.

Perseverar traduz também uma qualidade humana básica - a de alicerçar fundamentos que levem a que o mesmo possa evoluir no sistema escolhido e atingir os níveis de bem estar e consciencialização abrangente - quase invariavelmente - cada caminho marcial apresenta o seu sistema para o efeito.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Mestre Nelson Barroso - Conceitos da Prática de Chi Kung - PARTE IV


Chi Kung: Energia, Saúde e Vitalidade - "As 18 Mãos de Buda"
Mestre Nelson Barroso



"pág 32:

4. Conceitos da Prática de Chi Kung





- As posições devem ser confortáveis, devendo ter o cuidado de não se esforçar demasiado.

O "esforço", na arte marcial - implica uma busca daconsciencialização plena acerca do SER. 

Os factores residuais - como a tensão acumulada por emoções ainda não sublimadas, refinadas, "exercitadas" pelo BEM-FAZER (Kung-Fu) - implicam muitas vezes SOBRECARGAS que geram TENSÕES desnecessárias no processo- caminho contínuo - de ser ir ao "CENTRO" - ou,

MAIS CONCRETAMENTE, 
ao encontro da promessa do ser que realmente SOMOS e que se vai REVELANDO através do DESCORTINAR DOS VÉUS que as múltiplas OPÇÕES do caminho de vida PERMITEM.

A OPÇÃO do CAMINHO MARCIAL - implica um RESPEITO INTRÍNSECO, por tudo aquilo que É - e este RESPEITO (uma das facetas do WU-DE - ou CÓDIGO MARCIAL DE CONDUTA) começa pelo RESPEITO PELO PRÓPRIO SER - em todas as suas dimensões: 

sejam elas a dimensão FÍSICA, EMOCIONAL, MENTAL... ou a de TRANSCENDÊNCIA (auto-superação).

Este PRECEITO - será posteriormente extensível aos COMPANHEIROS de PRÁTICA e - após o praticante ter integrado os vários elementos inererentes à mesma, será desenvolvido e pomovido no MEIO onde se INSERE - até que MEIO e PRATICANTE DESENVOLVAM UM TODO COESO, que leve ao caminho de REINTEGRAÇÃO, sentido de PERTENÇA ALARGADO, ou "UM COM O TODO"...

Daqui, que posições ou movimentos que revelem brusquidão, ou que ainda componham elementos que quebrem o sentido de Harmonia da Forma, sejam  elementos a sublimar até que - forma, praticante e vivência da mesma - se transformem num TODO COESO que EMULE, REPRODUZA ou- simplesmente - RECORDE - o todo ao que o PRATICANTE se ENCONTRA EFECTIVAMENTE INTEGRADO:

 esta é a proposta do caminho marcial - que os praticantes abraçam à medida que descobrem a amplitude e profundidade da sua grande arte.





- Deve tentar harmonizar o interno e o externo.

Sentir o SER de forma subtil... e reconhecer a sua EXISTÊNCIA para além da mera retórica... é parte INTEGRATIVA do ser HUMANO em forma e conteúto TOTAL.

Na nossa sociedade, de valores dígitos, concretos, lógicos e de pendor MENTAL - entrar em sintonia com os factores subtis (como a concisência de si, o sentir as várias e diversas frequências de se interligar com os companheiros: desde o vivenciar a presença do calor corporal emanado até "orientar" o pensamento de forma criativa para melhorar certos padrões corporais em desalinhamento) representa a NOVA APRENDIZAGEM para o ser humano occidental actual.

Fruto da fusão entre Occidente e Oriente, esta abordagem quase que HOLISTA, traz sangue novo à forma e conteúdo com o que as várias terapias e fiolosofias procuraram - até agora - enquadrar a vida e o ser humano.
Através de uma abordagem tendencialmente materialista, com base em premissas de positivismo Cartesiano - obscureceu-se ou deixoaram-se de parte como "áreas menores" todas aquelas que promovem a EXPERIÊNCIA INTERNA ou de se DESCOBRIR como um ser de EXISTÊNCIA PROFUNDA: COMPLEMENTARMENTE às características e linhas orientadoras do mundo lógico/ linear - tal como apresentadas na actualidade.

Este "GRAAL" de COMPLETUDE, acontece num momento de alguma "tensão" superficial - na que as estruturas da mente, da lógica e os vários sistemas desenvolvidos com base nas mesmas dentro do paradigma que o Occidente propôs como modelo de Mundo e Existência Humana "normal" - apresentam carências que - simplesmente - não dão resposta INTEGRAL às necessidades humanas a título HOLÍSTICO.

Esta aproximação entre Occidente e Orienta traz consigo uma visão tendencialmente INTEGRADORA das duas VERTENTES HUMANAS: 
se é certo que o aspecto "externo" e todo o mundo dito "concreto" é REAL - merecendo por isso o cuidado e atenção necesários - verdade é também que os aspectos de desenvolvimento interior (como a consciência alargada de si, a vinculação profunda aos seres humanos envolventes, a vivência da integração em meio natural) - uma vez a prática marcial engloba estes três aspectos) eram características necessárias e prementes para que o nosso modelo de sociedade actual pudesse usufruir de todo o POTENCIAL que a saúde em geral, e as artes Orientais em particular - podem trazer de novo com os seus mais de dois mil anos de desenvolvimento.

Partindo das boas premissas que a bio-mecânica occidental já tem desenvolvidas, atendendo a que a segurança material produzida pelas várias áreas de saber no nosso occidente permitem um certo "bem estar" e "à vontade" para entrar na descoberta de um mundo vasto e pouco explorado - como é o da interioridadde - apresenta-se assim um caminho VÁLIDO, PRAGMÁTICO, SEGURO e TESTADO por GERAÇÕES de PRATICANTES que - além de terem sido eles mesmos exemplos vivos de SUCESSO legaram o seu SABER (e o seu BEM FAZER) aos alunos DEDICADOS aos que lhes foi CONFIADA a HONROSA RESPONSABILIDADE de continuar a promoção do ser humano a título TOTAL - mantendo assim o caminho de desenvolvimento e crescimento em termos de refinamento da consciência que nos caracteriza como espécie dotada de livre arbítrio e discernimento.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Mestre Nelson Barroso - Conceitos da Prática de Chi Kung - PARTE III


Chi Kung: Energia, Saúde e Vitalidade - "As 18 Mãos de Buda"
Mestre Nelson Barroso



"pág 32:

4. Conceitos da Prática de Chi Kung







-Pratique chi-kung regularmente, num local bem arejado, cuja temperatura seja agradável.

Tal como referido nos pontos anteriores... é a cadência de repetição, entrega, dedicação com atenção constante ao exercício que vão reconstruíndo o sentido do exercício no interior.

Assim, a prática assídua - além de trazer todos os benefícios -  físicos, mentais e de bem estar geral - ajudam a que, gradualmente, o praticante comprometido vá subindo degrau a degrau no seu nível intrínseco de reconhecimento.

Praticar Chi-Kung, como um "bom banho" implica despojar-se (seja pela respiração, seja pelo movimento e até transpiração) daquilo que é "velho" (para o efeito, através da fisiologia conseguimos desenvolver e promover os mecanismos de "excreção" ou "depuração" inerentes de uma forma sistemática, simples e acessível) e incorporar novos elementos que substituam os anteriores.

Daqui que - para uma mente pragmática e ocidental  o que entendemos por "bom chi" enquanto factores "externos" prende-se com ar renovado e de origem natural (o mais próximo da fonte: árvore ou mar), luminosidade natural (preferencialmente uma que promova a produção de Serotonina - neurotransmissor importantíssimo na regulação do humor - e que se encontra aliada à luz solar), um espaço amplo ou linha de horizonte com limite (de forma a relaxar o cristalino e permitir uma experiência abrangente da série de movimentos/ forma) e - claro - uma temperatura adequada para que a atenção e os processos fisiológicos naturais se encontrem puramente vinculados à renovação orgânica que se depreende da prática do Chi-Kung.






- A respiração deve ser executada de maneira natural, suave e sem esforço.

Tal como referido em pontos anteriores, relativamente aos movimentos seres gráceis e - ao mesmo tempo - não forçados, aqui assinalamos que a respiração - sendo um "movimento interno" deve corresponder ao padrão natural de harmonia e - lentamente - ir acompanhando a evolução do praticante à medida que aprofunda a experiência de si através dos exercícios e formas várias disponíveis para o ajudar no seu processo individual.

Respirar é literalmente abrir-se para a vida, permitindo que a mesma nos tome e entrelaçando o nosso ser com algo que nos premeia, nos anima e para o que - a maioria das vezes - ainda nos sentimos em estado de alheamento.

O processo de REINTEGRAÇÃO inerente ao movimento, respiração e consciencialização implicam esta aproximação - serena, pausada: 

para que o praticante a possa apreciar, sentir e apreender, de uma forma que traduza em termos interiores,  a grande felicidade de ser parte do todo indivisível que é a VIDA por inerência e que o praticante traduz nas suas formas elementares: 

movimento harmónico, respiração fluída e organização/ pensamento consciente e sereno.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Mestre Nelson Barroso - Conceitos da Prática de Chi Kung - PARTE II

Chi Kung: Energia, Saúde e Vitalidade - "As 18 Mãos de Buda"
Mestre Nelson Barroso



"pág 32:

4. Conceitos da Prática de Chi Kung




- Efectue os movimentos sem esforço, no início não baixe demasiado nas posições;

O Sentido da fluidez, para a mente lógica e em tensão constante pelo dia a dia que apela a dados, saberes e conhecimentos, implica que ambos os hemisférios cerebrais se entrelaçam em harmonia sem que exista um "imprint" do concreto sobre a visão abrangente e contínua de "movimento": 

desde o dígito ao analógico... desde a vertente mais "abrangente" à mais "pragmática" - desde a síntese à sua análise -  procurando a harmonia e o equilíbrio através do movimento, da respiração e da atenção consciente de forma gentil, suave e modulada... confiante em que o primeiro passo do caminho marca a pauta do caminho a percorrer e que, esta gentileza intrínseca, logo se estende pelo padrão de movimento geral (formas), para o efeito concebidas.

Assim, iniciando o padrão de movimento partindo do fluxo harmónico - inspirando-se na respiração calma e fluída... natural... o praticante vai exercitanto os seus sentidos e consciência para estar cada vez mais em sintonia com padrões de sinergia harmónicos... tanto em movimento, como em respiração, como em pensamento.

Praticando diáriamente, vai "relembrando" ou vincando novamente o padrão original segundo o qual está gerado... este é o caminho de "regresso" à consciência abrangente... algo que é inato no ser humano... que se perde ao longo do tempo no que as formas e as sequências lógico-lineares se vão apropriando da vivência da realidade e que - em determinado momento - o practicante comprometido vai "despertando" para a sua origem e essência... através de um método simples, de origem imemorial, que ajuda o ser humano a ir ganhando consciência gradual da sua realidade contextual;

Por isso, de início suave, fluído e relaxado... para que a experiência resulte cada vez mais serena, abrangente e acolhedora e o praticante esteja em sintonia gradualmente crescente com a sua verdadeira dimensão;




- Seja realmente perseverante na sua prática, só a repetição lhe trará resultados visíveis.

"Recordar" a subtileza inerente à vivência humana, na sua tríade - corpo, mente e consciência subtil - implica um "avivar" das descobertas que vão sendo feitas e que  - como uma filigrana de prata fina e estilizada - se esvaem logo que aprendidas:

 se não forem sistemáticamente revividas até estar incorporadas na consciencia do ser, do saber ser e do saber fazer.

Lentamente, da inconsciência inicial, partiremos para a consciência parcial e da dai para a inconsciência novamente uma vez que a a prendizagem SEJA PARTE INTEGRANTE do todo que representamos.




sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Mestre Nelson Barroso - Conceitos da Prática de Chi Kung - PARTE I


E - agora - um interregno para que o Mestre Nelson Barroso nos fale acerca dos "CONCEITOS da Prática de Chi Kung", do seu livro:



Chi Kung: Energia, Saúde e Vitalidade - "As 18 Mãos de Buda"


"pág 32:

4. Conceitos da Prática de Chi Kung

- Na Execução mantenha o corpo relaxado.



Num corpo tenso, a consciência do movimento é limitada, os movimentos deixam de ser gráceis e a sensibilidade apurada para o subtil - desde o calor corporal emanado à suavidade do "deslizar" na forma - mergulham no "ruído" da tensão acumulada;


- Sinta o fluxo energético atravessar as "portas"* de energia".



As "portas" referem-se à junção entre o esqueleto axial e apendicular aproximadamente.
Em termos Bio-Mecânicos, falamos da Junção da coluna Lombar e a Pelve, a linha intermitente representando o ponto no que as escapulas intersectam em perpendicular a coluna dorsal (inserção do úmero) e o espaço que vai desde a Sétima vértebra Cervical até à junção do Axis/ Atlas.

Em termos concretos, teríamos:

Segunda Vértebra lombar, décima dorsal e inserção do axis/atlas em crânio... seriam estas chamadas, de forma "inteligente" pelos nossos amigos chineses: "Porta da Vida", Pilar do Corpo" e "Casa do Vento".

Sendo pontos focais de especial interesse no controle das Lordoses e Cifoses naturais da coluna - esqueleto axial - a consciência de motricidade fina, a angulação ideal para que a mesma seja fluída, grácil, efectiva e não lesione os discos intervertebrais (que são cartilagem), além da tonificação regular e racional da musculatura (como os para-vertebrais) envolvente - fazem deste exercício de movimentação/ visualização - um elemento importante a ter em conta no desenvolvimento da arte do Chi-Kung.


-Tenha Consciência do Chi da Terra e do Chi do Céu, exercitando-se em consonância com ambos, e baixando ligeiramente o seu centro de Gravidade;




A consciência do "calor" corporal que advém do rebaixamento do centro de gravidade implica que a abertura da cínfise púbica e a retracção/ contracção dos músculos da pelve desenvolvem o processo de "consciencialização" daquilo que se caracteriza como "energia da terra".

Esta sensibilidade própria pode e deve ser desenvolvida - no sentido da consciencialização gradual e crescente das próprias características - conhecimento de si - além do aumento gradual do nível de flexibilidade dos músculos abdutores e de toda a zona interna da coxa que suporta o fémur: isto como premissa mais básica dos múltiplos benefícios inerentes a ganhar consciência das subtis diferenças que se entrelaçam no nosso ser/ estar humanos.

O abaixamento grácil, gradual e fluido do centro de gravidade (correspondendo à segunda vértebra lombar, dois dedos abaixo do umbigo, uns 6 cm no interior da zona abdominal baixa) permite o desenvolvimento de uma contracção muscular localizada, tanto da estrutura da pelve como do baixo abdómen - que, de forma gradual e contínua - permitem uma "elevação" de tensão/ energia/ consciência refinada:

de "Jing" - essência ou força motriz bruta, através da observação e prática consciente elaboramos "Chi" - energia vital humana de integração e desenvolvimento de tarefas concretas... e daqui para o nível de qualidade diverso (ou refinado) por ter sido "filtrada" através de exercícios com correcta bio-mecánica e visualização consciente e activa significativas (algo que os amigos chineses denominam como "Shen"...);

A "energia do céu".... comparativamente à da "terra" - refinada, leve, em sintonia com o alto dan-tien, desenvolvida pela refinação da corrente Jing-Chi-Shen -  implica uma outra gradação:

 que é suave, subtil e "fresca".

Ambas as forças se entrelaçam na "pequena circulação":

- que traz a força da terra através do Du-mai (canal yang regente), e que - no desenvolvimento do exercício da forma, da respiração fluída e harmoniosa e da visualização consciente -  se vai refinando até atingir os patamares de "energia do "céu".

Depois - de novo enviada para o baixo dan-tien, através do desenvolvimento consciente da canal Ren-Mai e da "anestesia" da força ascendente nele contida.

Desta forma - conscientemente - gerara-se um fluxo vital cíclico, no que as forças da "terra" - (energia densa em potência e ainda não refinada pelo movimento, respiração e visualização conscientes) se transmutam nas forças do "céu" (resultado obtido através do desenvolvimento consciente da forma, num ciclo que se auto-regula e gera o EQUILÍBRIO VITAL que o praticante almeja;


- Deixe que a respiração se efectue livremente, 
podendo respirar quer pela boca quer pelo nariz.




No início, o mais importante é começar a sentir a sensação de "fluxo". 

Todo o excessivo "tecnicismo" e "detalhe" poderão dificultar a apreensão, experiência ou vivência dessa consciência de movimento fluído - como se se deslizasse sobre águas espelhadas e cristalinas. 

Gradualmente, novos elementos poderão ser acrescentados para que a experiência seja, não apenas uma excelente forma de exercitar - bio-mecânicamente - os vários segmentos apicais e a estrutura axial do esqueleto e articulações, e sim resultando também numa óptima maneira de integrar a RESPIRAÇÃO num esquema de movimento de fluxo ou todo coeso em movimento:


grácil, harmónioso e pausado 

do corpo enquanto se exercita através das formas 


(conjunto sequencial de movimentos com um determinado fim) ou exercícios particulares (para situações específicas, como tonificar certa área ou abastecer de fluxo vital certo órgão); 

Gradualmente, aumentando os padrões de eficácia e através do treino regular - consegue-se uma melhor experiência de consciência e entramos em processo de meditação interior (meditação em movimento - outros dos patamares a desenvolver através das formas apresentadas pelo Mestre Nelson - no seu estilo Luohan Chi Kung).

Gradualmente vamos gravando de forma simples e veraz os padrões de HARMONIA e SINTONIA com a vida, os outros e o meio - dado que o Chi Kung, quando praticado em ambientes abertos, de preferência naturais em temperaturas equilibradas - representa um dos mais antigos métodos de INTEGRAÇÃO do todo holista humano;

- Não deixe a mente vaguear pelas preocupações quotidianas, 
permaneça vigilante e atento.




Estar atento... aprender acerca dos vários "ruídos" que a mente, o "eu" menor, vai emanando à medida que o movimento puro e grácil, o fluxo harmonioso da respiração, a visualização consciente da força vital em determinados pontos - vão transformando o "caos" interior em vida harmoniosa - de novo em sintonia com o fluxo vital ao que correspondem.

Sem preocupações de maior e sem entrar em conflito consigo mesm@, recorde que estas formas elementares de pensamento residual subsistem se lhes der atenção ou importância: 

o que não deseja fazer é ficar chatead@ porque um pensamento inconveniente ou disruptor apareceu entre o fluxo da prática. 

Simplesmente - OBSERVE - catalogue o pensamento - "pesadez", "atrito", "desejo", "preocupação" (mínimo grau de atenção possível - pois procurar ignorar o mesmo perpetua o eco desse pensamento por mais tempo do que se desejava) e prossiga com a sua prática.

Recorde - arte marcial (Chi-kung, Tai-chi, Kung-fú... ou outra arte marcial séria) implica um CAMINHO.

PODE PRATICAR (daqui o seu valor INESTIMÁVEL) TODA A SUA VIDA: 

terá mais ocasiões para melhorar este ou aquele elemento, desde que o seu compromisso com a prática seja GENUÍNO.

Vai ter muito boas surpresas - seja no "conhecimento de si", seja na melhoria do seu estado de saúde em geral, seja na forma como vê e se integra  com os "outros" e o "mundo".

Por isso - sorria - e persevere!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A suave Dança - L - IV - o segundo saúdo




(...) o segundo é para dizer que vamos dar o litro nos exercícios que vamos praticando (...)





No "segundo" o professor reconhece que dará o seu melhor para levar cada um dos praticantes ao seu mais alto nível – considerando as circunstâncias e qualidades de cada um - e os praticantes reconhecem que – no professor – vêm alguém em quem confiam: 





 se entregando aos exercícios por ele propostos no sentido do crescimento comum proposto pela arte.




assim, se forma simples, dia a dia praticando um momento providencial, marcando uma pauta que levará o grupo cada vez mais longo (mais alto) ao "subir o monte"...



 Segundo o código de VALORES que - habitualmente - denominamos por "Wu-De" e que inclui a Confiança, a Humildade, o Respeito, a Virtude ou Rectidão entre outros aspectos que teremos ocasião de abordar no próximo capítulo dos elementos explorados em conjunto acerca da VIVÊNCIA da Arte Marcial desde o INÍCIO do NOSSO CAMINHO.



Saúdo Marcial

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A Suave Dança - L III - O primeiro Saúdo





Que representa o primeiro Saúdo?

O primeiro saúdo é quando entramos na sala, saudamos para que esqueçamos tudo lá fora e nos concentremos naquilo que vamos fazer;







O Primeiro marca a passagem do mundo “de fora” para o mundo “de dentro” e – de novo – do mundo de “dentro” para o mundo de “fora”. 

Ao mundo de dentro chamamos espaço de privilégio e pretende-se que – com os anos de prática – se extenda até ser a nossa vida e forma de viver. 




domingo, 10 de fevereiro de 2013

A Suave Dança - L - II - o espaço de privilégio





Que representa para ti o "Espaço de Privilégio"?



O espaço de privilégio é onde desenvolvemos essa arte marcial, por isso quando estamos nesse espaço devemos dar aquilo que podemos. E tomar o que precisamos – para que uma aconteça a outra tem de estar presente. 



O espaço de privilégio começa na sala – onde concentro os saberes junto dos companheiros debaixo do código das artes marciais – "WU-DE". Depois, o espaço de privilégio é o meio social onde me insiro, depois é a vida total que vivo ...



e – finalmente – como o tão – praticante e espaço de privilégio são um só…


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A Suave Dança - L - I - o que é "kung-fu"


     





 1 - Que representa para ti "Kung-Fu"?

Para mim o kung-fu é uma arte marcial que nos ajuda a desenvolver as nossas capacidades de forma física e psicológica, conhecemo-nos melhor, ficamos a saber daquilo que somos capazes de dar e alcançar, ganhamos mais consciência daquilo que fazemos




aprendemos a interagir em segurança – não importa o “adversário – tendo em conta a segurança que vem de dentro e que é ganha por “MÉRITO” – devoção;



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

TIGRE E DRAGÃO VII - R - VII: O que simboliza o "combate" entre Tigre e Dragão


1-     Para mim é uma relação de evolução, em que a terra firme(tigre) mas ao mesmo tempo pesada,  cresce e evolui em diferentes níveis para se tornar, volátil leve e que levita,  (o dragão).




O Tigre – sendo animal REAL – representa características como a DETERMINAÇÃO DO PRATICANTE EM ATINGIR METAS CADA VEZ MAIS ELEVADAS (e aqui recordamos que – subir a montanha é estar cada vez mais PERTO DO CENTRO de si… o que equivale a dizer – ALINHADO com o COSMOS… o TODO… a HARMONIA).





A determinação do SÍMBOLO vem associada à CORAGEM (COR – CENTRO/ AGEM: ATITUDE OU AÇÃO  – UMA ATITUDE CENTRADA, CONCENTRADA NUM OBJECTIVO DIGNO, CLARO, ESPECÍFICO E COM VALORES MUITO CLAROS E DEFINIDOS – DA TERRA (HUMILDE E PREPARADA PARA RECEBER AS BOAS SEMENTES DE VIRTUDE) À ROCHA, DA ROCHA AO DIAMANTE… EIS O CAMINHO DO TIGRE.




O Dragão – animal mítico – está em eterno “conflito” com o tigre. Se aplicarmos aqui o conceito COMBATE” segundo sabemos e praticamos – compreendemos a relação do Tigre e do Dragão. Os ideais – o INTUÍDO (visto por dentro), o que SABEMOS ser o BEM, O JUSTO, A VERDADE estará sempre um passo à frente no caminho da CONCRETIZAÇÃO.


Sendo o praticante uma PONTE VIVA entre o tigre e o Dragão – cabe a ele/a resolver a equação, temperar ambas as forças, aplicando e obtendo no processo a Sabedoria – a pérola que o Dragão Guarda na sua garra.



Eis uma representação simbólica possível da relação ETERNA e INTERMINÁVEL (que se concretiza em cada praticante na medida da sua própria dimensão) entre o Tigre e o Dragão).

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

TIGRE E DRAGÃO - R VI - quinto saúdo Tao


Este saúdo é um respeito pelas setas que nos guiam.



Como referi à pouco, TAO no meu coração significa seta, significa direcção , significa dicionário, significa manual de estudo, significa conselheiro, significa que sem ele a relação com o caminho e o destino não existe, e de tal modo é impossível cumpri-lo.




No sentido dos anteriores – o saúdo abre a porta para consciência PLENA de estar a praticar um caminho SÓLIDO, DIGNO e VERDADEIRO no sentido do refinamento. 



Não apenas pelas múltiplas questões bio-mecânicas, psicológicas, energéticas e vivenciais mas também pelos factos comprovados de milhares de companheiros que ao longo do tempo e no mundo inteiro – praticam de forma assídua a arte que sabem ser original, simples e factual – o caminho para o centro.



O Tao representa o culminar das aprendizagens – no sentido em que revela de forma clara e concisa – os vários aspectos LATENTES que esperam despertar no ser humano. 



Algo que TODOS TEMOS EM COMUM – o nosso corpo e sistema de “funcionamento”: 



decifrando com DEVOÇÃO este código, descodificaram-se padrões de movimento, respiração, orientação de pensamento e consciência desperta - integrando-os, gravando-os VIVENCIALMENTE no sentido da  EXPANSÃO do ser, RECONHECENDO de forma gradual o seu POTENCIAL LATENTE ou Matriz Original;



 do dormente, passamos gradualmente para o desperto – e do desperto – para o iluminado… essa é a via, a virtude ou DAO.