“As Artes Marciais Chinesas, vulgarmente designadas como “Kung Fu”, não se encaixam no modelo típico das
outras modalidades enquadradas como “práticas
desportivas”, isto porque a sua evolução, complexidade
e diversidade técnica gerou um conjunto
de modalidades associadas e dentro destas “currículos distintos”, tradicionalmente designados por sistemas ou estilos, com conteúdos programáticos e métodos didáctico pedagógicos consequentemente distintos. Assim o conceito de “Escola de Kung Fu”, instituição com identidade técnica e cultural própria e normalmente única, foi sendo ao longo dos anos abrigado sob
a designação legal de
“Associação Desportiva”. Neste contexto
a formação técnica dos treinadores
foi sempre protagonizada no seio associativo
e dirigida para as necessidades de
cada instituição, sendo esta individualidade e identidade técnica e cultural reconhecida pela federação, cuja função sempre consistiu em completar a formação dos treinadores com conteúdos comuns a todos, quer na
área técnica, quer na administrativa, na
didáctica e pedagógica, ou no que à
carreira de juízo e arbitragem diz respeito.
Assim sendo, faz todo o sentido considerar como responsáveis pela formação de treinadores
e de forma complementar ou alternativa,
quer a federação, quer as associações
que apresentem um projecto de formação com objectivos, conteúdos, recursos e processo de avaliação bem definidos, devidamente documentados e equiparados ao projecto de formação da federação, de acordo com todos os regulamentos, estatutos e lei geral.
Deverá contudo a federação promover o seu próprio projecto
de formação de treinadores para salvaguardar aqueles indivíduos ou
instituições que não reúnam condições técnicas
ou humanas devidamente qualificadas para
proporem um projecto de formação, de acordo com os parâmetros de qualidade definidos pela própria federação, e que também não se queiram integrar em projectos promovidos por outras instituições que não a F.P.A.M.C."
http://www.fpamc.com/carre.pdf
Elogio a uma carta de princípios e a um texto sobre os
Valores que norteiam uma Federação Nacional no tempo moderno.
Proteger os mais débeis, promover os que pretendem
desenvolver uma actividade de vida nobre durante uma vida inteira, ajudar a que
as iniciativas de desenvolvimento local possam efectivamente enraizar e tomar
forma – como nacionais, como de pendor e cariz estritamente Humano e segundo o
código de Honra que norteia a arte Marcial – tal como definido nesta carta e
assim diferenciado do desporto de combate ou das várias empreitadas que possam
tomar o nome de “Arte Marcial” e que – no entanto – traduzam um sucedâneo, cujo
princípio e final seja o puramente material ou económico.
Promover vias alternativas e ajudar a que as mesmas sirvam
efectivamente as comunidades que lhes correspondem – sejam no contexto de
meios locais pequenos nos quais – tal como aqui se evidencia e através e cujas
palavras brilha o espírito e nobreza da arte marcial original – não queiram ou
não possam se federar, mantendo a Federação na tutela, defesa e protecção
dessas mesas actividades por manifestarem, evidenciarem e assim definirem a
linha de origem que dá sentido à existência da própria Federação.
Promover pessoas – (cujo nome seja próprio – além de “atletas”
ou “praticantes” ) que pretendam desenvolver e enraizar esta nobre arte nas
zonas de respectiva referência ou pertença e assim promover e permitir mais um
passo de “sustentabilidade” (ou harmonia, equilíbrio, desenvolvimento e Norte)
no sentido da origem e no sentido do Refinamento do Ser Humano – tal como é
parte dos desportos ditos “Modernos” e como SEMPRE foi no que se refere às
Artes Marciais – por origem e às pessoas que abracem esta "vocação” – por devoção.
Seja assim demonstrado – nas várias actividades passíveis de
desenvolvimento:
- pela mesma Federação;
- pelas Federações, organizações ou entidades que com esta
colaborem;
- pelos eventos que
venham a ser desenvolvidos e pelas pessoas que abracem esta Nobre Arte e que
assim possam ser apoiados – seja de forma explícita, seja de forma implícita (já
que o importante não radica no brilho externo e sim no Valor da arte
efectivamente desenvolvida – não importa muito onde – desde que EXISTA ONDE;
não importa muito quem, DESDE QUE HAJA QUEM);
Num próximo evento – “Interferderativo” – que contemple
Federações afins de zonas afins (Federação Portuguesa de Artes Marciais
Chinesas e Federação Galega de Kung-Fu),
no contexto de uma “Eurocidade” – que traduza
valores como os de um caminho de Santiago – comuns… afins…
Caminhar juntos, com o mesmo peso às costas, baixo o mesmo
sol, confrontando a mesma chuva, dormindo nos mesmos lugares pejados de outros
iguais e assim partilhando a beleza e maravilha das pessoas, dos seus valores e
das terras que lhes correspondem a habitar…
Sejam os VALORES HUMANOS – a candidatura COMUM a património de
Humanidade (propositadamente traduzido da para de – traduzindo o que se entende
como centro e base da Arte Marcial de Origem – o Ser Humano e o seu
desenvolvimento gradual, acompassado, seguro e com um objectivo definido e
claro… Humano… através dos Meios – técnicos e/ ou materiais necessários para o
efeito…
Seja assim esta a elegia a uma Federação, à sua carta de
apresentação de Regulamento para (futuros) professores/ responsáveis técnicos e
seja este o apelo nestes tempos modernos:
Que a arte marcial – por origem – traga estabilidade,
equilíbrio, harmonia – seja em termos de prática seja em termos das zonas de
inserção escolhidas para o efeito…
Promover valores, humanamente ai onde é NECESSÁRIO…
Obrigado
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