"1- Para mim kung fu, é nada mais do que o derradeiro caminho da vida, o único caminho que realmente nos eleva para lã daquilo que o mero animal é e nos eleva ao nome de Homem, o verdadeiro Homem, não em força , mas sim em espírito e atitude, pois o que nos diferencia dos animais não é um polegar, mas sim o amor que compartilhamos com todos nós. E para chegar a este destino é preciso muito treino e esforço físico e mental, mas esse esforço apenas nos da resistência e mais anos de vida."
O tempo é medida de qualidade… para que quero
um calendário que conta os dias pelo seu número, um relógio que pauta a minha
existência pelos seus segundos – se é a qualidade revelada na opção consciente
de me integrar na Harmonia que me gera e dá origem o verdadeiro sentido de “Subir
a Montanha”?
Há uma “encarnação” – no sentido em que a
consciência se torna complexa quando ligada à sua complementar cristalizada;
como água que permeia uma esponja, a consciência é absorvida ou mergulha na
essência e se faz una – uma RÉPLICA (um harmónico) da ONDA FUNDAMENTAL.
O caminho marcial – como caminho válido entre
caminhos válidos – incorpora as várias dimensões do estar Humano – o físico e a
sua dimensão corporal (com toda a sua geometria sagrada (desde a medida dourada
à sequência de Fibonnaci, passando pelas proporções, pelas sintonias
electromagnéticas que nos rodeiam… nos perfazem…).
Tudo isto sabemos hoje – e ainda assim – não
confiamos (segundo princípio do WU-DE – confiança: no sentido da existência e
por transcrição direta – confiança nos companheiros, na vida, no potencial
humano, no sentido da prática como caminho e via).
Tudo isto acumulamos em saber teórico… agora –
qual a ponte, o MÉTODO – p+ara transformar esta verdade ainda meio intuitiva em
um caminho pragmático, concreto, acessível, versátil… como um caminho de
Santiago que albergue os vários caminhantes de acordo com o seu ritmo e
interesses mantendo o fluxo na direcção certa e no sentido evidente: a gota,
que se faz rio – vai confiante para o seu (A)MAR… sabendo – como sabe o que
chega a noite e despe o fato, coloca o pijama e se prepara para sonhar… no dia
seguinte estará lá – pronto para despertar, para mais um dia, para mais essa
maravilhosa experiência do SER que se fez fragmento de luz no prisma daquilo
que chamam de “alma”… sua luz particular…
Assim, qual o caminho, qual a prática, qual a
via que INTEGRE o ser humano por inteiro e lhe brinde o reforço constante para
“despertar” (que é o mesmo que recordar a consciência de si dormente) da
realidade imanente que lhe é dado a experienciar enquanto fragmento de luz…
enquanto acorde na melodia… enquanto parcela da vida: que É A VIDA.
Nas Artes, aquilo que não deixa resíduo, que
não causa atrito, que flui em harmonia com a FUNDAMENTAL – como o acorde bem
timbrado, o som do canto bem colocado, o movimento grácil que passa sem rasto –
pelo seu fluir natural… este é o caminho, a via… o ser UNIVERSAL – e nós
chamamos “KUNG-FÚ” à materialização em ato concreto deste ser, sentir e
integrar a harmonia de forma consciente – a ela apontando a aspiração e nela
colocando a nossa devoção: a CONFIANÇA – de que alimentando padrões harmónicos
a harmonia desperta em mim e no ser envolvente… quebrando-se assim os véus
aparentes que separam o dormente da VERDADE desperta de ser em sintonia UNIVERSAL …
Assim – eis o caminho, a via e a virtude…
Kung-fu: mestria (igual a si mesmo,
completando a promessa latente, o potencial dormente – que lhe foi confiado ao
ser gerado) o praticante encontra no seu mérito, o resultado direto – o elo de
ligação ao universo – que lhe declara em canal particular aberto – o acerto dos
seus passos, a harmonia dos seus desígnios e a sintonia com a verdade maior que
emana desde dentro e ecoa em toda a parte…
Kung-Fu - “o bem feito”, a harmonia consciente
entre vivência (interioridade plena), movimento (exterioridade manifesta) e a
Forma (Dao, Tao ou estrutura, via de encontro: máxima eficácia, mínimo atrito);
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