Há certas coisas que vão ficando à medida que vamos trilhando a via marcial... Dao "entre os amigos"...
Assim, numa recente reflexão com um dos alunos que me ensina, dialogávamos o seguinte, com base num dos filmes propostos em ambiente de estudo:
"Todos seguimos um código… alguns são mais “normativos” e
outros mais “intuitivos”.
Alguns sabem porque aprenderam dos pais, dos avós, da
cultura e tradição e assim respeitam, crêem e perseveram, assim ensinam e
motivam outros a seguir…
Outros entendem “desde dentro” – sabem ”sem saber”: inovam,
plantam novas plantas no jardim florido deste nosso espaço e tempo…
Todos válidos e necessários – sem uma estrutura coesa não
há corpo (sem esqueleto);
sem músculos e pele suave e flexível tampouco…
o
“Dao” é a via da virtude e é algo “natural” – seguindo o caminho de integração
na “natureza” passamos a estar plenamente PRESENTES ou CONSCIENTES – logo
NÃO
HÁ SEPARAÇÃO EU-TU-AMBIENTE…
coisas que se vão concretizando no caminho
marcial… e que fazem parte de uma visão Taoísta e Budista que os Japoneses
adoptaram de forma “zen” no seu budismo e que os guerreiros FEUDAIS retocaram à
sua maneira, deixando sempre bem assente o seu pendor bélico e firme misturado
com a filosofia do “bem fazer “ (kung-fu) e da permanente mutação (I-Ching – ou
para nós, como diria Heraclito – Panthá Rhéi – tudo flui);
Este filme enquadra-se no meu caminho marcial, pois para eu poder subir
“mais um degrau” tenho de me conhecer a mim, e para tal preciso de conhecer os
que me rodeiam, amigos ou não amigos.
É complexo – e ao mesmo tempo simples (por isso se denomina
“paradoxo”)… vemos o mundo – não como ele é, mas sim como nós somos… ver o
outro, reconhecer, aceitar, integrar, abraçar e refinar/justificar/unir desde
dentro é parte do CAMINHO, VIA ou DAO.
Eu, também, me precato – de tantas vezes - me encontrar REACTIVO – perante o MUNDO, as SITUAÇÕES… as PESSOAS… aquilo que ESPERO – de mim, e dos outros… das coisas… da vida…
(e neste tempo no
que a “semente humana" está prestes a "germinar" num nível novo de consciência –
mais ainda:
pois a casca está a ficar ao máximo de tensão potencial…. Prestes a
desabrochar)
A Via e Virtude promovem que se VÁ CAMINHANDO:
com a
simplicidade daquele monge “zen” do filme "Baraka" – entre o ruído e a gente que
acelera…
e NÃO É NADA FÁCIL!
(basta pensar que, quando alguém acelera ao lado,
o meu sentido intrínseco de sobrevivência me convida a mim a acelerar também, -
mesmo que o não tenha escolhido PLENAMENTE CONSCIENTE…)
É deste nível de
INCONSCIÊNCIA ou CEGUEIRA, de que lhe falo.
O tal Monge budista zen japonês, caminha pelo meio de Tóquio RESPEITANDO todos os outros MILHARES de passos
diferentes E PESSOAS com os seus ruídos, pressas e afins… ele respeita E - AO MESMO TEMPO - RESPEITA O SEU PRÓPRIO PASSO.
A DIFERENÇA radica em que ele DISPÕE DE UM MÉTODO
(via, caminho ou Dao) que lhe permite MANTER O FOCO naquilo que é, o que
pretende, para onde vai, o seu ritmo de o atingir e os recursos mínimos a gerir
para que tal aconteça… este é parte do caminho marcial…
o seu caminho nunca foi só, até caminhar entre a confusão – e – na confusão, aparenta estar só quando – DE FACTO - é um VÓRTICE, UM FAROL NAQUELA NOITE ESCURA…
é um NIVELADOR do RUÍDO e da CONFUSÃO – ao manter O CENTRO e o FOCO de forma exímia.
Como TODOS ESTAMOS LIGADOS - e, no silêncio e na “não acção” (ele não “obriga" ninguém a parar, não agarra ninguém para que pare, não ordena ninguém a que faça isto ou aquilo, a que o imite ou deixe de imitar – ele simplesmente É... igual a si mesmo – CONSCIENTE de que – estando TUDO LIGADO – a mais pequena gota da salubridade deixa a água mais límpida, a mais pequena mostra de harmonia nivela o todo ruidoso…
a isto chamamos “acção na não acção”;"
Saúdo Marcial
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