segunda-feira, 1 de abril de 2013

acção na não acção



Há certas coisas que vão ficando à medida que vamos trilhando a via marcial... Dao "entre os amigos"...

Assim, numa recente reflexão com um dos alunos que me ensina, dialogávamos o seguinte, com base num dos filmes propostos em ambiente de estudo:



"Todos seguimos um código… alguns são mais “normativos” e outros mais “intuitivos”.

Alguns sabem porque aprenderam dos pais, dos avós, da cultura e tradição e assim respeitam, crêem e perseveram, assim ensinam e motivam outros a seguir…

Outros entendem “desde dentro” – sabem ”sem saber”: inovam, plantam novas plantas no jardim florido deste nosso espaço e tempo…

Todos válidos e necessários – sem uma estrutura coesa não há corpo (sem esqueleto); 

sem músculos e pele suave e flexível tampouco… 

o “Dao” é a via da virtude e é algo “natural” – seguindo o caminho de integração na “natureza” passamos a estar plenamente PRESENTES ou CONSCIENTES – logo

NÃO HÁ SEPARAÇÃO EU-TU-AMBIENTE…

 coisas que se vão concretizando no caminho marcial… e que fazem parte de uma visão Taoísta e Budista que os Japoneses adoptaram de forma “zen” no seu budismo e que os guerreiros FEUDAIS retocaram à sua maneira, deixando sempre bem assente o seu pendor bélico e firme misturado com a filosofia do “bem fazer “ (kung-fu) e da permanente mutação (I-Ching – ou para nós, como diria Heraclito – Panthá Rhéi – tudo flui);


Este filme enquadra-se no meu caminho marcial, pois para eu poder subir “mais um degrau” tenho de me conhecer a mim, e para tal preciso de conhecer os que me rodeiam, amigos ou não amigos.

É complexo – e ao mesmo tempo simples (por isso se denomina “paradoxo”)… vemos o mundo – não como ele é, mas sim como nós somos… ver o outro, reconhecer, aceitar, integrar, abraçar e refinar/justificar/unir desde dentro é parte do CAMINHO, VIA ou DAO.

Eu, também, me precato – de tantas vezes - me encontrar REACTIVO – perante o MUNDO, as SITUAÇÕES… as PESSOAS… aquilo que ESPERO – de mim, e dos outros… das coisas… da vida…

(e neste tempo no que a “semente humana" está prestes a "germinar" num nível novo de consciência – mais ainda:

pois a casca está a ficar ao máximo de tensão potencial…. Prestes a desabrochar) 


A Via e Virtude promovem que se VÁ CAMINHANDO: 

com a simplicidade daquele monge “zen” do filme "Baraka" – entre o ruído e a gente que acelera… 

e NÃO É NADA FÁCIL! 

(basta pensar que, quando alguém acelera ao lado, o meu sentido intrínseco de sobrevivência me convida a mim a acelerar também, - mesmo que o não tenha escolhido PLENAMENTE CONSCIENTE…)

É deste nível de INCONSCIÊNCIA ou CEGUEIRA, de que lhe falo. 

O tal Monge budista zen japonês, caminha pelo meio de Tóquio RESPEITANDO todos os outros MILHARES de passos diferentes E PESSOAS com os seus ruídos, pressas e afins… ele respeita E - AO MESMO TEMPO - RESPEITA O SEU PRÓPRIO PASSO. 

A DIFERENÇA radica em que ele DISPÕE DE UM MÉTODO (via, caminho ou Dao) que lhe permite MANTER O FOCO naquilo que é, o que pretende, para onde vai, o seu ritmo de o atingir e os recursos mínimos a gerir para que tal aconteça… este é parte do caminho marcial…

Agora – antes de SAIR DO TEMPLO - este monje teve COMPANHEIROS, que com ele cresceram… e nele se diluíram – sendo dele parte integrante: 

o seu caminho nunca foi só, até caminhar entre a confusão – e – na confusão, aparenta estar só quando – DE FACTO - é um VÓRTICE, UM FAROL NAQUELA NOITE ESCURA… 

é um NIVELADOR do RUÍDO e da CONFUSÃO – ao manter O CENTRO e o FOCO de forma exímia. 

Como TODOS ESTAMOS LIGADOS - e, no silêncio e na “não acção” (ele não “obriga" ninguém a parar, não agarra ninguém para que pare, não ordena ninguém a que faça isto ou aquilo, a que o imite ou deixe de imitar – ele simplesmente É... igual a si mesmo – CONSCIENTE de que – estando TUDO LIGADO – a mais pequena gota da salubridade deixa a água mais límpida, a mais pequena mostra de harmonia nivela o todo ruidoso… 

a isto chamamos “acção na não acção”;"

Saúdo Marcial




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