quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Evocando os Egrégios

Um certo imperador viu um dia - na carapaça de uma tartaruga - a representação do mundo conhecido e por conhecer...

Compreendendo que as ditas cujas, como seu sereno e determinado bolir, levam o caminhante errante atrás de um caminho lento - que invoca a seriedade do compromisso de quem caminha, a verdade da entrega a caminhar e a prática diária e perseverante no sentido de se refinar: ganhar consciência de si... e quem sabe "iluminar" - então a tartaruga poderia bem ser o ícone dos peregrinos desta via - "Do" ou Caminho que - cada um com cores garridas e maneirismos próprios de cada clã - lá vai percorrendo dia a dia em busca do tão ansiado centro... do topo da montanha... da visão de completude que permita entrever o caminho percorrido - com suas pausas e desvios e seus momentos de coragem - no sentido de ser um mais dos escolhidos que possam depois descer ao vale e falar do que se vê lá do alto...

Companheiros que se solidificam de forma serena... gradual... firme... coerente e - ao mesmo tempo - amena: cada um com o seu próprio pulsar, a sua própria forma de caminhar e todos baixo os preceitos da mesma casa, do mesmo espaço de privilégio que nos motiva a regressar - em cada dia que passa - e, no fim, sair um  degrau mais acima na eterna escada da vida...

Saúdo marcial, a todos os que com sincera devoção, com total entrega e firme determinação - deram e dão a vida para que possamos usufruir do conhecimento fiel ao que nos adscrevemos em cada momento de prática.

Saúdo!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Juventude... lodo ou opção

Aos jovens dos nossos tempos:

Que se passa com a atitude marcial quando proposta aos nossos jovens?

Há "sombras" geradas pelos precedentes que ainda podem ser limpas e dissolvidas com o antergo e único bem fazer...

O primeiro é deixar a ideia de "satisfação de necessidade" no imediato - o dito"leve agora - pague depois": o engano do CONSUMO totalmente de fora deste humilde e digno caminho a viver...

Este é caminho de muitas repetições, de pequena achegas e alguns trambolhões... de se interagir muitas vezes consigo mesmo - de reconhecer a RESISTÊNCIA INTERNA (verdadeiro oponente) que nos entrava e desvia a passagem e todos aqueles que com essa resistência pretendem pactuar...

E confiar no que nos anima por dentro e naqueles que no mesmo sentido pretendem andar… em ir – em cada dia – um passo mais longe…e perseverar... e vencer ou cair... e com a força do Tigre interno - regressar - erguer... e voltar a caminhar... após cada queda mais firme e maior o sentido de perseverar...

É caminho de harmonia - simples, concreta, definida - em cada desafio aceite: para consigo ou com o companheiro escolhido – algo vivido, experienciado... com o máximo de si sentido e com o companheiro aprofundado...

A figura do companheiro – num mundo de amizades diáfanas e tempos distribuídos pelos mil amigos do “facemil”- torna-se devoção constante, atenção vibrante para o sentido de si e do outro – com firmeza e sem manhas menores – FORTALEZA e CARÁCTER que se forjam no CÍRCULO de IRMÃOS…

eu SER LIVRE me ergo, no companheiro me reconheço: de entre o lodo do lago ou a cinza da fogueira que me pretendiam alienar...então com o companheiro sei que estou VERDADEIRAMENTE  par - em par;

Pouco sobra desta disciplina, desta forma de vida e viver – na que cada momento é um desafio, cada instante um algo vivo que implica todo o meu ser e saber: um combate no que faço purificar os elementos internos que necessito refinar…

Não apenas nas 80 horas do meu jogo virtual, nas que travei guerras coloridas num ecrã de vidro, teflon ou cristal… bola mágica dos tempos que correm nos que os humanos se dissolvem de estar conscientes do seu papel primordial – vida é presença… e presença é vivência humana TOTAL:

No suor, no aguentar - no manter a linha e o círculo e assim mesmo permanecer a treinar: cada dia - um degrau mais alto; e se uma queda nos atinge - há mais braços para te erguer e que regresses aonde sabes pertencer... de entrar em sintonia com o companheiro... de voltar a dançar… aquela dança de força interior que mostra ao praticante digno a forma do seu elemento motivador e a força da sua vontade como transformador…

Já não tanto por saber o teu nome, onde moras, que grupos "curtes" ou quantas moças namoras... não tanto pela magia “Potteresca” de misturar alhos com bugalhos e esperar que nomeio desta confusão uma nova espécie apareça que possa ser tão simples e em beleza como aqueles que se reconhecem por ser o que são…

Lugar de privilégio – onde tantas vezes se revela o centro daquilo que os jovens são que – lenta e serenamente – vão sendo criados vínculos que permanecem, laços que durarão… e uma forte certeza de estar com sigo mesmo em coesão… pelo simples, antergo, e sólido caminho de dar de si o máximo para se consciencializar o máximo sobre o grande desconhecido que habita o ser que no espelho se revê...

Como o fogo lento que prepara uma boa refeição, como o tempo e disponibilidade para o efeito chegamos lá.

Sempre que saibamos que É ESSE O CAMINHO ESCOLHIDO E AQUELE QUE QUEREMOS SEGUIR - no meio de tantas ofertas, neste "shopping" de possibilidades" torna-se complexa uma escolha baseada em valores e verdades que vêm de trás - de família, de tradição, o chão que se ama – ecos milenares para se viver com paixão:

aprender a amar com que ama e aprender a sentir não porque tudo diz que é profissão"com saída" ou  que é caminho de aspiração a estatuto de privilégio, reconhecimento e remuneração...

O praticante assume uma relação de PRIVILÉGIO para CONSIGO MESMO - no sentido de refinamento diário com aquilo a que se comprometeu;

O sentir que - em cada dia - sobe mais um degrau em direcção ao cimo da montanha e - se cair - não há ego nem orgulho que possam quebrar um ser enraizado num solo firme de onde se levantar...

É aquele que se ergue - com passo firme e apoiado: nos seus valores, na sua determinação - sua FORTALEZA – e erguendo-se ergue também os que estão do seu lado e os do lado erguem os que estão derredor…

Nos tempos modernos realizamos "multitarefas"... somos seres mutilados - de "multitask" rotulados: numa linguagem que se nos vem impondo desde longa data e que - actualmente - é o novo latinório ou língua franca para o mundo livre sempre sonhado e nunca concretizado... porque será?...

Estas multitarefas nasceram algures com a televisão - imagens nunca fixas alternando de 5 em 5 segundos: lentamente modelando a forma como encaramos a vida e as pessoas como uma simples ilusão, um aceno, uma palavra – nada de compromisso, profundidade ou entrega a uma relação...

Humanos de superfície, encontros de ocasião – mentes rápidas para encontrar pontos técnicos e incapazes de agir no sentido do coração;

Daqui a que o processo acelera-se e a mente colocasse em turbilhão , não passou muito tempo – uma geração;

Hoje é quase impossível gerar vínculos mais fortes dos que os pautados pelo tempo secular – pelo ritmo dos ponteiros de um relógio criado para libertar… tirano das horas mortas – vividas sem essência a cultivar…

Depois vieram os PCs, os jogos de computador (para graúdos e pikenos por igual) e milhentos programas que devemos aprender a dominar em espaço de tempo afim às campanhas de marqueting continuas que - como vagas - não permitem que o aprendiz aprenda realmente a nadar ou navegar entre tanta onde alta que lhe esmague o barco... mentes rápidas, cortex sobrecarregado para a EXPERIÊNCIA VITAL TOTAL DE SE SER E SENTIR HUMANO...

Copinhos cheios de palavras… como nozes plenas de cascas para tão pouco que comer… cérebros encurrichados – sabichões especialistas em todo o lado – de cultura geral cheios para despejar nos concursos da televisão… ainda que em casa: como em todo o lado – não haja tempo para dizer olá, dar o abraço, sentir a mão: de um pai, uma mãe… muito menos uma avó, um avô ou um par de irmãos…

Exigências dos tempos modernos que vão para além daquilo que é o orçamento geral familiar – que – calculado por bixos sedentos de ascender em carreiras  e cujo sangue é o cifrão – se esquecem que um salário mínimo serve para uma família delineada num qualquer livro canónico que mande a portuguesa parir uma vez tal como é média nos países que nos ditam como devemos”foder, comer, dormir, parir” e enfim… morrer em cada segundo que vivemos neste palheiro no que não temos mão...

Por um lado pregam que o ser humano é em grupo, que a sua sobrevivência depende do toque, do carinho e da atenção que dá e recebe e – depois – torce-se bico ao prego – exige-se maior tempo de trabalho, maior esmero – por causa da tal avaliação; maior sacrifício ao bolso – pela crise que já dura à um “culhão” e que nos vai levar o outro até que já não haja quem fale grosso naquilo que outrora fora “Nação”; e um maior estudo por todo o lado – até que – tão estudado, oputo que antes subia às ameixas nop Verão ansiado – nem saiba que raio compra num Inverno dentro do Continente que lhe dá tudo na mão;

E que trabalhe ela, ele e quem sabe o rapaz ou rapariga aos feriados na loja, no shopping onde seja que haja que esticar o pão, ou se não que façam como nos fizeram tantas vezes os Romanos – exportem os jovens para ser educados Romanos (não patrícios – atenção – apenas plebe que pensa em latinório e que NUNCA mais defenderá a sua NAÇÃO)…

Depois vem a propaganda do sistema  que ainda inventa que o herói é o que faz – SÓZINHO e a PELO – a carreira universitária, trabalhando na hamburguesaria ao fim de semana (a Mc deve fornecer tostão aos Holliwoodos) e ninguém fala da família, do factor emocional de protecção nem daquele povo (povinho) que se lhe quisessem tirar um filho – fazia manguito, mandava o gajo pró CRLH e o punha a ele a esfregar chão…

Mas as culturas da Amérdia inventaram novos termos e – isolando o ser humano – fizeram dele um cão. Assim sendo, sorriso nos lábios e cantando um “OOOOOOOM” inventado de terras exóticas, com conteúdos anedóticos que substituem os Valium da outra geração – anda o tal cãozinho amestrado e sem direito a objecção:
Vai para onde o mandam, come qualquer merda, senta quando é preciso e ainda rebola no chão à espera de um bónus de produtividade ou de qualquer osso para levar pra casa e dar de comer à sopa dos que não têm pão…

E os jovens – vendo e sentindo tudo isto – OH ESPERANÇA  DE PORTUGAL – vão-se sumindo pelos buracos abertos pela Tal CEE que afinal faz trocas humanas como se tal: no antergo era compra de gado humano e tinha nome garrafal, hoje mudaram-se os tempos e chama-se intercâmbio cultural…

Escolásticas que - cada vez mais cedo - exigem o todo do aluno - abrindo seu ser por inteiro, por social decreto e por paternal apoio imposto - para que seja sobrecarregado o cérebro com informação que - ao fim de 18-24 anos de estudo - ficará colada nas paredes do esquecimento...

Os alunos aprendem a "decorar" coisas para exames sem nunca aprender a AMAR a chama de verdade que lhes está a ser transmitida - fruto das gerações que acumularam um tesouro para que eles - hoje - -pudessem ver mais, viver melhor e partilhar com outros um mundo mais justo e salutar...

Temos mentes sobrecarregadas, horários marcados a “briefing” e “task” e pouco já resta do nosso amado Minho ou do nosso Portugal Milenar… onde as raízes de um povo quando os seus líderes o obrigam – dia a dia – a capitular?

O curioso é que – da china – comemos tudo… a sua cultura TRADICIONAL – bebemos a medicina, o tai-chi e o chi-kung integral…

Era boa ideia levar Vilar de Perdizes até Beijing e lá plantar – um centro de terapias para ver se eles querem mesmo intercâmbio cultural. Se o Sr. Pe os evangeliza e deixam de ser vermelhos – temos troca de folclores e podemos todos na roda dançar… imaginaram? “Virou”! manda o tuga… e o amigo chino e bem feito amaricano viram em sintonia cordial… pois estamos num mundo de boa vontade e à vontade tudo ri do nosso querido Portugal….

Meditando um pouco mais…

Onde verdadeiras mulheres que não as das pastinhas executivas e roupas de marca, onde verdadeiros homens que não os das palavrinhas mansas e atitudes escolásticas?...

Quais os projectos PRÓPRIOS de estereótipo a seguir?

De onde os modelos inventados entre Holliwood e o Económico mercado que faz das pessoas bens a adquirir?

Qual CEE que marque uma cultura e uma forma de estar – qual o decreto que impugne o sangue que pelas minhas veias está a passar?

 E a herança que me deixaram os egrégios que é bem presente e é milenar?...

Assim, vejo mentes rápidas, ansiosas de saber... quantos e quantos ficam atrás no primeiro gesto: lavar chão, ordenar a sala, trazer uma flor para decorar o espaço, compreender o que implica o saúdo inicial ou cada um dos cinco saúdos que marcam "kairoi" - tempos providenciais, dentro do tempo "comum" - Chronos - que estamos tão impingidos a viver?...

Como transmitir - em aulas bizarras que se acurtam e se amoldam às aulas das escolas - nas que não há uma verdadeira troca de experiências prévia – na que professor e aluno deixam entrever suas vontades e anseios e os aprimoram para o tempo de excelência que se preparam a vivenciar?

Onde  um verdadeiro aquecimento, um verdadeiro elevar de funções vitais até ao praticante relembrar o potencial que mantém dormente e que - por isso - se compromete a despertar em cada aula, sabendo que sairá um pouco mais desperto, um pouco mais livre, um pouco mais seguro e senhor de si - no último saúdo da aula?

Como Partilhar, viver - no espaço de cinquenta minutos - um conteúdo pragmático, real: que seja VIVENCIADO pelo praticante - logo VERDADEIRAMENTE ADQUIRIDO - e não apenas compreendido, decorado ou transcrito desde um código de informação próprio do professor para o código próprio do aluno se TEMPO - em artes Marciais E NA VIDA - é uma medida de QUALIDADE?

Não importa tanto o tempo que estiveram a repetir a mesma coisa - importa mais o TEMPO PROVIDENCIAL (KAIROS) no que puderam entrar - ainda que sejam 30 sec de aula - e que seja este o marco referencial na consciência do praticante para o próximo passo a dar:

A PARTIR DESTE MARCO ANTERIOR - atingido por mérito do seu próprio esforço e devoção - Kung-fu: mestria pelo mérito/ esforço sendo assim BEM FEITO.

Quem pretende - actualmente - desenvolver esforço para atingir um objectivo?

Quem define objectivos mais do que aqueles na Horizontal?
Fama, estatuto, Posses, poder, bens ou pseudo-segurança material ?...

Quem crê que há muito mais a descobrir num simples aceno de mão e que a ciência corrobora coisas que a mente desperta sabe ao se vincular ao princípio da razão?;

Na nossa sala alguém pinta - de forma gratuita - um Tigre e um Dragão...

Um animal que representa a firmeza, a determinação, a força interior e o CARÁCTER: um animal Real - que aponta ao alto, que aspira, que se desenvolve e luta - sim luta (palavra quase apagada dos compêndios desta nova "era" de palavrinhas mansas e chás das tias - onde o ser humano parece despido de esqueleto pelo simples facto de ser duro, rude e feio - sem noção de que é esta a matriz de suporte que alicerça o mais sublime dos gestos – o abraço, o aperto de mão, o segurar um filho ao colo, o levantar um ser humano do chão… ou uma nação)...

Do outro lado... em cima: um Dragão; velado entre nuvens... oculto... ansiado

Animal mitológico símbolo de muito no ocidente e no oriente...

Sabedoria (a essência final de opções plenas), poder de mudança (fogo interior)...

Um a força do aspirante, a determinação do practicante, outro os objectivos... o cume da montanha.... uma tensão complementar nunca completa... por isso o Kung-fu é Eterno e por isso o seu caminho é CAMINHO DE VIDA...

Como tornar isto transmissível num mundo no que somos convidados de alternar de trabalho, local de residência, relação afectiva em cada pequeno ciclo de produção?

No que o simples parece igual a fácil quando a simplicidade é a força e abeleza de um lírio do campo na palma da mão ou um simples pássaro que canta livre de trejeitos que o façam ser outro mais do que o que está gerado para ser…

Como ajudar a compreender que travamos uma guerra - real - contra o desenraizamento, a alienação, a transformação de seres humanos em fantoches debaixo da paseudo-bandeira da libertação e que esta, traz - em sí - o dinheiro negro de guerras pagas a preço de sangue, de revoluções industriais que alimentaram grandes guerras e da reestruturação dos padrões mais óbvios acerca do que é ser Homem ou Mulher e dos conceitos mais simples - como "nado" e "nação"...

Como parar esta força de sombra - que avança e desenraíza – oferecendo em troca -  como a um certo pinóquio - uma montanha de doces até que as orelhas de burro se acresciam ao nariz de pau que crescia em cada mentira de ocasião?...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Dos Mestres



Lembro ainda o "boom" dos "Doutores" que aconteceu faz uns anos, com a abertura das nossas portas para todo o "Bom Cidadão" da CEE.

Como a Comunidade ERA "Económica", partimos do princípio que - todo o endinheirado era bom - logo - abrimos a porta a todos os bem vestidos... e a falácia começou...

Era o Tempo da D. Branca - pelo que ladroagem de colarinho ainda não era muito conhecida... e pouco víamos a televisão... uma séries ao fim de semana e alguma tertúlia ao serão...

O velho do Restelo brade brando... pois não é essa voz deste irmão... é a voz do tempo que muda como a cobra... que despe uma pele para renovar seu brasão...

Actualmente,  desgraçadamente, entendemos o que significava o manter um esforço bélico durante 14 anos... não tanto por força de colonialismos e sim por força de ser COLONIZADOS...

Como os "meninos à volta da fogueira" é giro de ser cantado, apenas certas personagens de talante e estatura compreendiam bem o que significava o sangue derramado e viam - a longo prazo - o que implicava o perder autonomia e transformar-se num povo escravizado...

Grilhão - nem dourado - como alguns povos bem compreendem...

... para outros, a palavra "livre"  deixou já de ter significado,  transformando-se numa mera alcunha para uma qualquer bebida nas tascas modernas de fim de semana ou alguma coisa bem mais mesquinha, como chamar à consciência do erro "liVerdade"...

Assim - enquanto os ignorantes de tais cantigas (os meninos de Huambo) vêm e vão com a "Liberdade", temos que ruma o barco próprio sem mais rota ou destino  do que aquele que por outros foi aprontado...

"Homem do Leme" já não existe - pois esse é um carácter bem traçado... e nos tempos que CORREM não há disto - pois tudo corre para todo o lado...

Faz lembrar o mau jogador de bola - que olha o esférico assombrado - correndo para onde rola a branca figura, sem compreender que é nos olhos que o adversário deve ser olhado...

Assim - nos tempos ditos "modernos" (tão modernos como em qualquer lado - seja a Roma prostituída seja no Egipto o Faraó Afogado) andam os valores em venda, como em venda anda o Ouro dos nossos antepassados...

Porque - já me diziam em criança acerca do andar e andar em companhia: se caminhar implica perder os VALORES, então mais vale caminhar SÓS que mal acompanhados...

Egrégios é hoje palavra mansa - que se lembra à criança nos desafios de futebol - enquanto as quinas cantam minguadas, hinos recortados antes de nascermos nós...

Que contra Canhões avancem os ignorantes e todos os que entenderem "coragem" com um louco som:

avançar - avançaremos - com consciência do risco e da viragem  - contra Bretões avançaremos nós!

que a letra não se engane e não enganem os que poder exercem sobre o legado dos nossos avós...



Assim - muito me espante - ouço palavras transformadas em PÓ...

Ouço vozes de povos errantes e vejo bandeiras que não o são...

Como pintar estrelas douradas, quando é o sangue de escravos que lhes dá a cor?

Preferimos o púrpura escarlate, ou o negro de luto pelo que já não sou... mantenho o verde esperanto de que a nós acudam  os que a virtude elevam simplesmente por ser quem são;

Homens de alto talante, daqueles que a Escolástica nunca quis no seu quintal...

Gentes curtidas pelo tempo, a vida e a perspectiva - de que Nobreza existe no coração;


Agora - de Mestres ia o conto... daqueles que tampouco vão... para onde lhes comanda a vontade, para onde se dá o que escorre do peito e em roxos botões se espalha no chão...

Havia os que faziam o traço - e a sua linha era fina.... definida... clara... concisa... sem necessidade de apelo ou agravo... sem artes retóricas para a concretizar...

Havia os de cabeça alçada... os de olhar firme e fronte erguida... havia os de palavra clara, voz firme e atitude decidida...

Havia aqueles cuja mão não suava e cujo gesto não tremia... quando sentia sua mão apertada - era força e verdade aquilo que sabia... sem lhes estudar uma letra só...

Havia os que não se realçavam... aqueles que - simples - entre povos passeavam - suas voltas estranhas, seus caprichos bizarros... e o povo com eles crescia... nele se inspirava...

Muitos os não viam... poucos os entendiam... mas eram marcos dourados... pilares da vida...

Eram os de fronte iluminada... olhar cansado e pleno vigor... os que vigas sustentavam  e paredes levantavam para todo o lar que formava o povo em redor...

Eram aqueles silenciados... pelo agravo sem menção... aqueles da história apagados... os que cá dentro bramem com a voz de todos nós...

Eram altos... coroados... por ser - simplesmente - homens... só...

Guardiões de tão excelsa chama que, sabendo da sua tarefa - da tarefa que de todo os reclama - se entregaram de corpo e alma à labor de refinar...

Mentes, consciências... corpos e - com a calma e paciência que o tempo derrama... elevar o ser interno sempre que houvesse um "sim" interior...

Hoje vejo seres... de tal conhecimento dotados... de tal saber alimentados... mas dos quais não compreendo o seu clamor...

Como se digladiam em assuntos bizarros... escoando sua arte para o chão sem honra ou valor...

Como seres que são mais do que sabem, se deixam levar por querelas assim?.... como Homens de alto talante, se envolvem em discussões que não têm fim?...

Se o sexo dos anjos é para ser deliberado... seja essa sua tarefa final...

Que o Pelicano deixar seu alvo peitointocado - façam deles sacrários e em pedra guardem seus rostos em atitude virginal...

Pois - se não sangram eles - pelos que lhes foi confiado a guardar... para que querem as armas que se lhes são dadas para lutar?

Combater a injustiça... iluminar a ignorância... amenizar as águas quando o caos está a chegar...

Capitães das luzes altas - que fazeis com vosso estridente rumor?...

Pedras é o que tendes - em honra de todos os vossos ancestrais? Onde o louvor a todos todos os que se sangram - por dar mais à tarefa original?...

Que fazeis gentes parvas - com toda a graça que se vos deu a guardar?

Usais o saber para guiar gentes cada vez mais altas... ou para reduzir todo aquele que vos olhe como igual?

Lembra ser que caminhas - lembra onde termina o teu caminhar... assim sendo - sê livre! E caminha erguido até ao final!

Lembra ser livre... lembra o que vai no teu chão... todas as sementes plantadas serão o fruto que OUTROS recolherão...

E lembra - tu que plantas macieiras - lembra a tua humilde e excelsa função - dar de comer aos que têm fome mantendo afastado aquele que não digno de tão alta razão...

E - mais uma vez - por favor - recorda, que os discípulos um dia te olharão: com o respeito sublime que recolheres em toda e qualquer palavra, acto ou omissão...

...em todo e qualquer dos seres que no mesmo sentido caminham com eles levando a mesma missão...

Teu destino é ser pequeno... tua sina é passar sem uma canção...

Teu nome para sempre velado... teu fardo saber que poderá não continuar a tua missão...

Agora - o respeito que ganhares, quando o testemunho passares, a todos aqueles dignos de te chamar de "Irmão" - é o garante de que - olharás nos olhos sempre que olhares entre a irmandade que a ti te Encontrou...

O resto - já o sabes - que ao chegar o momento da separação... todos os que acompanhares mais perto estarão...

Tu ficarás algures... num ignoto e desconhecido local... com eles partirá tua essência e neles repousará teu valor...

Por isso - assim os alimentas: porque é por aquilo que te manda a Vera Razão.... sempre a Sua vontade e não apenas a do homem rezingão...

Desperta maGo das idades... desperta do teu sono milenar!

Que dormentes começam a ficar todos... e a sombra se estende como o réptil que desliza sem guarda, custódio ou travão...

Lembra- tu que és grande!
A tua estatura depende da tua função:

Se partilhas a excelsa chama: de forma honorável ele iluminará teu coração...

Se a tua vontade tolda face verdade... e te esqueces do porquê de estares em pé... do círculo se esvai o teu nome e o fogo queimará tua visão...

Assim é nos círculos das eras... no recinto sagrado que pisa o teu irmão

Assim nos recintos antergos, nos que outrora falávamos - livres de circunspecto manto de sujeição...

Mestre aquele que com sua recta atitude e sua nobre condição - caminhando desapercebido entre os que o chamam - chamando-os pelo Nome vai despertando os irmãos...

E MESTRE - apenas há um... por isso, com silêncio despeço esta carta.. que fala de coisas das que já não lembra ninguém...

Saberes perdidos no burburinho dos que reclamam, dos que desesperam, dos que se proclamam, dos que se exasperam... enquanto entre nós não houver coesão...

Non Nobis Domine



terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ying-Yang... um novo desafio

Entre o subtil desprendimento do simples e sereno alinhamento.... fluindo sem impedimento no livro mais antergo que ser humano possui... o seu corpo que flui e a consciência do seu movimento...

Entre o intenso momento - no que a vontade se faz dentro eco presente de uma vontade duplamente intensa - a do corpo que se integra e a da mente que nele penetra...

Dois que são um - no Tao das formas definidas... no saber de horas passadas ressurgindo com honra nos nossos dias...

Cede clama a chama, por acender o dormente para esta nova vida... a vida que se reclama contra a verdade ímpia...

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Caminho Marcial

Por vezes... o caminho da arte aparece como - seco - sem vida... pois estudar, aplicar e viver os FUNDAMENTOS que alicerçam a arte é algo que o tempo moderno tem dificuldade em encarar...

Ainda lembro um certo jantar depois de torneio, no que um dos discípulos da primeira geração afirmava com tom meio enigmático ter ficado quatro anos a estudar, treinar e desenvolver elementos sempre à volta do primeiro Tao - o Tao 1.

Este TAO dá-se agora no mais mínimo espaço de tempo, porque os meninos têm sede de aprender "mais taos" e os papás querem vê-los com os tão ansiados cintos de cores giras... o que também não é mau :)

Isto faz-me pensar em "porquês...

Penso que o tempo é uma medida de QUALIDADE mais do que de quantidade...

... penso numa certa cena de um filme "Karate Kid" - com Jada Smith e Jackie Chan: de um professor a segurar o guarda chuva enquanto o aluno pendurava um casaco, o atirava ao chão e o pendurava outra vez.... num poste de electricidade que era um "wooden dummie disfarçado"... e depois a cena seguinte do guarda chuva atado a um poste enquanto o aluno repetia veze s e vezes sem parar o mesmo movimento, a mesma estrutura... a mesma ATITUDE...

... lembro que lhe comentei essa cena ao Mestre... as lágrimas vieram ao seu olhar: lágrimas de outro tempo, de outro lugar, de outra pessoa que - tal como no filme - também ele aprendera a amar...

Hoje - se não se cativa o practicante - perde-se um aluno...

Os tempos do "laxismo" são tão óbvios que - qualquer aluno ao que se lhe pede um exercicio e que fica nele: aprimorando ou aperfeiçoando se já é desperto... perseverando se tem a semente interna que tem de ter para praticar - então encontramos uma pérola entre tantos que- pura e simplesmente - se deixam levar pela corrente da vida num rio meio cinzento, águas frouxas, cantar bacilento... se deixando levar sem brio para o seu Mar frio...

O primeiro elemento - a rocha que te sustenta: a posição, a firmeza do teu pé no chão, a mestria e destreza com a que se deslocam os teus eixos ou a compostura com a que se dissolve um qualquer golpe exterior no teu ser coeso, sereno, centrado...

Quanto se tem de procurar o foco num mundo acelerado: com máquinas espelho que obrigam a mente a mudar de plano de 5 em 5 segundos, a mudar de emoção com cada novo momento do filme, com cada novo protagonista de ocasião?...

Seres voláteis estamos a ser... seres volúveis - por isso nos podem mover e remover sem nos queixar, sem nos doer...

A arte marcial é um tesouro - um legado ancestral - de culturas e povos que firmaram seu locus - seu lugar - neste mundo e no tempo nos que lhes foi dado viver e lutar... perseverar... avançar..

Não se pense que tudo é esforço... mas tudo implica esse esforço... subir a montanha é assim mesmo - sempre: firme, seguro, pé ante pé...

Quando não se sente a presença da própria forma aplicada no mundo presente - talvez... apenas talvez - se tenha apanhado um trecho da montanha que leva o praticante a descer.... acelerado... pés descoordenados... cabeça febril a arder... saltitando entre objectos e objectivos vagos, apresentados de forma célere enquanto vai o ser cada vez mais dormente, sendo embalado a caminho do vale de onde - um dia - se determinara a se elevar...

Por isso - sim- dançar nas encostas da vida, quando não há outra saída se não baixar... permanecendo fiel na consciência do caminho préviamente traçado, da firme vontade neste entrelaçada - o compromisso de se refinar em caminho válido para que outros possam um dia também passar e - à sua própria maneira andar: no seu próprio intento de manter olhar atentento a esse "cume"... que um dia... talvez algum dia - poderemos TODOS alcançar...

Caminho Marcial

domingo, 21 de outubro de 2012

Arte-Marcial

A ARTE MARCIAL serve para UNIFICAR... o ser humano a si mesmo...os seres humanos por igual...

Gera força que se aplica consciente... gera barreiras para o incipiente.... estabelece solo firme onde se pisar perante o lodo da inceteza e a faltade valores pelos que se caminhar...

Arte - por ser pura e criativa - nascendo apenas daqueles aos que lhes é dado amar... a aspiração, o refinamento, todos aqueles que se interessem de forma honesta - em estar aqui a aprender acerca do seu ser universal....

Marcial - pela perseverante disciplina daquele que compreende e torna a arte para integrante da sua vida...

Entre o Tigre e o Dragão caminhamos - subindo ao monte aspiramos - a refinar nossas qualidades em cada dia...

Saúdo Marcial

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Perseverança Marcial

A linha recta da COERÊNCIA: o Tigre que se ergue com DETERMINAÇÃO, FORÇA INTERIOR, FOCO CLARO NA SUA META vai encontrando uma espiral mais ou menos bem traçada e definida nas opções do praticante...

Daqui o seu "confronto" com a sabedoria que está "no alto" - onde o Dragão olha e espera com a sua força transformadora...

Entre o vazio do subtil desenvolvimento e o cheio da carga de força potencial geramos a coluna entrelaçada que se ergue no centro da aspiração...

Passos e caminhos como artistas que representamos uma PERSEVERANÇA marcial...

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sustentabilidade, Equanimidade: enraizamento e Valores





Sós... como um grão de areia...
Juntos como o Ouro:

O ser humano isolado é predado pelo sistema por ele gerado uma vez desgovernado dos valores primordiais que deram origem à sua concepção;

Sustentabilidade; Equanimidade; Verdade...

O ENRAIZAMENTO na cultura que nos viu nascer; o sentido de pertença ao sangue que corre nas veias e à história que faz transparecer...

O HINO que canta um tempo e um linha de pensamento que nos marca como aquilo que somos...

Um sentimento sólido de identidade, de sentido de existência e de valores...

Pequenas coisas a manter em conta em momentos de crivagem por ALIENAÇÃO e AMBIGUAÇÃO;

PEQUENAS COISAS A FAZER VALER QUANDO OS VALORES QUE SUSTENTAVAM O HUMANO SE SERVEM DO HUMANO PARA SE SUSTENTAREM...


terça-feira, 16 de outubro de 2012

A Força do Ser Coerente

Perseverar...

Avançando na adversidade... reconhecendo a tua mais pura verdade... sendo despojado dos escolhos que não te pertencem... tristes fragmentos de outros caminhos ou outros seres...

Avançando... sentindo em ti vento e maré... perseverando... até lavar o teu verdadeiro ser...

Lavrando - em ti um nome: aquilo que realmente és... transformando... a terra fria numa ebulição de vida com potencial para se erguer...

Caminha - no vento que te desafia - caminha...

Orienta tua barca - na noite escura procura a estrela que desde dentro te ilumina a via...

Persevera - no solo dúbio dos tempos sem valores... nos que as ás águas de vida se mesclam sem perspectiva com o lodo que as corrompe...

Inclina - um pouco mais a cabeça - sabendo que mais perto do centro está a tua essência...

Descobre - o gosto de ser o que és, tal como és... olha - a palma da tua mão pentarradiada - encontra nela uma forma ígnea para ti imaginada...

Prepara o teu caminho - com passo lento, silêncio íntimo...

Prepara a tua alçada - passo firme, vontade definida daquele que não teme pois não deseja nada...

Apenas os valores te orientem, apenas as pessoas que os vivem de graça... apenas te encontres no teu caminho com todos os outros que caminham nessa mesma estrada...

Vida plena é vida de carácter...

O resto são ecos ocos oriundos dos vazios ecoando a voz da desgraça...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Eye of the Tiger

Estávamos em plena aula...

Um dos jovens alunos - com um costume regular que eles mesmos adoptaram - havia deixado escrita um frase que marcava o ritmo e a pauta temática do dia...

Por vezes eram as quatro características físicas que eram aprimoradas: Força, Resistência, Equilíbrio, Flexibilidade...

Hoje - era aquela que ESTAVA SEMPRE PRESENTE e sem a qual não há practicante de arte marcial...

A frase - simpática - lia assim no quadro negro detrás de mim:

"Quando se perde dinheiro, não se perde nada...
Quando se perde Saúde perde-se muito...
Quando se perde o carácter, perde-se tudo !"

Ditado Chinês

No meio desta aula - vez após vez - as costas vergadas, os olhares no chão, os ataques ou defesas sem presença... sem brio... sem carisma eram tidos em conta...

Estávamos todos baixo o olhar perscrutador do Tigre... e era esse elemento - o que nos alicerça e convida a nos elevar - que estávamos a trabalhar:

ATITUDE - CARÁCTER - VIVÊNCIA

Em determinado momento - o par de alunos mais jovem entrou em processo de estagnação... havia assimetrias entre os seus dois carácteres que podiam ser niveladas...

"Lembram uma certa música do Rocky... alguma coisa sobre um olho... de um animal? o Grupo era os "SURVIVOR"...

Eles ficam a olhar para mim... de vez em quando interrompo as aulas e falo de Estóicos ou epicuristas para dar uma ideia da atitude que estão a ter... e para que pesquisem o que isso significou num tempo passado...

Desta vez - primeiro uns olhares trocados à socapa... depois - o mais novo - o Filipe - começou a cantar ao mesmo tempo que eu dava os acordes... estávamos todos em círculo, a saltitar... procurando a resposta para o que faltava ao par de companheiros que "ainda não se ouvia na esquina da sala"

E ouve-se o Filipe - com os seus 12 anos "Rising up, back on the street..."

E seguiu o Luís.. o irmão - algo mais velho e mais tímido e acanhado... que trabalha com o João técnicas de defesa pessoal quando o jão lhe saca de vantagem mais de 20kg em altura e volume...

"Risin' up, back on the street
Did my time, took my chances
Went the distance, now I'm back on my feet
Just a man and his will to survive
 
E dai a pouco estou eu a cantar e mais dois alunos... todos a saltar ao mesmo ritmo e a começar a vibrar...
 
É o quê esta música?...
 
DE QUE FALA ESTA MÚSICA?...
 
E vem a resposta em coro:
 
It's the eye of the tiger, it's the thrill of the fight
Risin' up to the challenge of our rival
...
 
E o nosso rival - as SOMBRAS QUE NOS LIMITAM DESDE DENTRO - são a presa que o nosso TIGRE interior vem para desgarar...
 
SIGA!
 
E o filipe passou o resto da aula a cantar, e o Luís projectou o João quase contra a parede... e nós sacamos mais técnica do que teríamos... porque - no fundo:
 
Quando vamos buscar a força interior - a vida do que nos anima - o fogo do carácter que nos define - todos somos no "olho do tigre";
 
Todos - juntos - somos mais FORTES; enraizados MAIS FIRMES; firmes em valores e conhecimentos válidos MAIS SEGUROS para a luta diária do caminho para o topo da montanha...
 
E o olho do tigre é BOM: é a força original sobre a qual estabelecer bases firmes, pontos de apoio estáveis, valores coerentes, grupos de trabalho partilhando um mesmo ideal...
 
Sem tigre - solidez, enraizamento, valores profundos e força para se erguer... é difícil fazer caminho...
 
Podemos pairar e nos perder...
 
Por isso - NÓS - subimos a montanha;

domingo, 14 de outubro de 2012

A Sombra no sopé da Montanha

O inimigo:

A falta de objectivos...

A falta de estrutura de suporte...

A falta de um código ético e de valores que sustentem a tua coluna vertebral...

Estar rígido para te mover - a vida tomba e logo te dá a oportunidade de te erguer - fica alerta - Desperto - para agarrar a primeira brecha que te ajude a renascer...

O adversário é a resistência que te é dada para que saibas que tens força e recursos para o demover... procura dentro de ti a inspiração e move os recursos em teu redor para o fazer valer...

Silêncios acompassados e opções mal geridas - no fundo - ser RESPONSÁVEL pelas tuas próprias feridas e procurar nos companheiros uma forma de as evitar no próximo desafio que a vida te coloque para superar...

Escolhe bem os companheiros com os que geras combate - suas dimensões internas farão parte da tua própria forma de arte... fechar a porta a quem chama é indelicado... abrir a porta a quem reclama é falta de consistência...

Solidão - o ser que pratica, pode estar ligado aos valores nos que crê e que cultiva - no entanto - recorda: todos esses valores têm sentido se servem aqueles de onde se erguem... de outra forma podem ser meras abstracções que não passam de letra morta...

É nas pessoas onde se demonstra o que aprender dias a dia no teu caminho de refinamento interior...

Coesão com todos aqueles que partilham dos valores básicos alicerçando um ideal - Verdade, Coerência, Transparência...

Sejam libertatários, excêntricos ou fundamentalistas... sejam criativos ou normativos... todos são necessários na estrutura vital que denominamos vida...

O inimigo é a sombra que nos faz ver no outro o antagonista, que nos corrói a mente desgastando a solidez obtida com trabalho e mérito e aquele que promove atritos onde podia existir harmonia e separação onde há dons para se partilhar no sentido da mais valia comum...

Continuamos a subir a montanha...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Tigre e Garça

"Não somos perfeitos... aspiramos à perfeição..."


de um professor para os seus alunos.... dos alunos para o seu professor...



Hoje - no fluir do sonho encontro a força: sólida e serena do tigre que me sustenta... enquanto pairo - como Garça... brisa amena - por entre os problemas que passam...

Primeiro a posição, a estabilidade, a solidez...

Primeiro o carácter... atitude... o que tu próprio de ti mesmo dás...

Depois - quando a personalidade tenha sido posta a prova: e a tua inteligência seja já parte integrada da grande obra... parte da consciência que te habita... aquilo que em ti palpita... o livre que te faz livre para libertar...

Então começas a ficar pronto... para adescobrir tuas asas.. apontar o foco do tigre em direcção aos teus sonhos.. e com a Garça aprender a pairar... a voar... a deslizar...

Desde a visão contraída no foco concreto... à visão expandida de um mundo aberto...

O olho da prática é como uma pristina pupila... concentra seu foco no momento concreto... expande sua vida no momento discreto... e gera harmonia entre ambos estadios:

almejando: sintonia...

Para que do tigre e da garça se possa saltar para uma cobra que ondula: nos sentimentos feitos coisa estável e força que o tempo... para que essa chama que por dentro te queima se vá fazendo branca...

E possas crescer à porta do teu mais sagrado apelo que te reclama...

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Movimentos

Sereno... potente...

no silêncio... totalmente presente...

avanço... composto... sou um com o chão que piso e dele recebo o meu sustento...

inspiro... reponho... a linha interior que dá o brio ao movimento angosto...

expiro... preparo... a extensão dos membros livres no centro encontrados...

Projecto... a intenção - sólida, plena, pujante...

Num movimento simétrico, milimetro a milímetro feito arte...

Tai Ji Juan

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Dinamismo e Fluxo Constantes

No silêncio da escuta... passos firmes... tensão... suor que escorre... vermelho do sangue que se ergue...

Tudo na harmonia do movimento uno... tudo no desenvolvimento do que caminha na paz por se saber no centro do seu existir...

Tudo na música das eras - que determinam que uns dançam fora do seu eixo e que outros passemos a vida procurando encontrar seu norte, seu centro, seu suporte.. e através dele dancemos a vida numa outra forma, com outras cores...

Primeiro a posição... a firmeza dos apoios...a coesão do movimento...

A respiração, a consciência expandida do que sou... de onde estou... de que forma se gera o melhor desgastando para o efeito o mínimo de força vital...

A harmonia do movimento - que agora é firme, cemtrado, desperto... vivo: abarca a dimensão física, mental e transcende a consciência mundana relacionada com as rotinas e repetição de estruturas "encadeadas" por não ter um sentido mais além do básico...

Dança de arte marcial - que advém do combate às forças interiores que cegam o praticante e que se reflete na "iluminação" ou integração em padrão de harmonia - das suas duas polaridades... a física própriamente dita e a qualificação desta pela consciência refinada...

Para nós - o corpo é o laboratório de trabalho, o muito venerável "templo" ou espaço de privilégio para o desenvolvimento sustentável da consciência que é dinamismo e fluxo constantes...