quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Dos Mestres



Lembro ainda o "boom" dos "Doutores" que aconteceu faz uns anos, com a abertura das nossas portas para todo o "Bom Cidadão" da CEE.

Como a Comunidade ERA "Económica", partimos do princípio que - todo o endinheirado era bom - logo - abrimos a porta a todos os bem vestidos... e a falácia começou...

Era o Tempo da D. Branca - pelo que ladroagem de colarinho ainda não era muito conhecida... e pouco víamos a televisão... uma séries ao fim de semana e alguma tertúlia ao serão...

O velho do Restelo brade brando... pois não é essa voz deste irmão... é a voz do tempo que muda como a cobra... que despe uma pele para renovar seu brasão...

Actualmente,  desgraçadamente, entendemos o que significava o manter um esforço bélico durante 14 anos... não tanto por força de colonialismos e sim por força de ser COLONIZADOS...

Como os "meninos à volta da fogueira" é giro de ser cantado, apenas certas personagens de talante e estatura compreendiam bem o que significava o sangue derramado e viam - a longo prazo - o que implicava o perder autonomia e transformar-se num povo escravizado...

Grilhão - nem dourado - como alguns povos bem compreendem...

... para outros, a palavra "livre"  deixou já de ter significado,  transformando-se numa mera alcunha para uma qualquer bebida nas tascas modernas de fim de semana ou alguma coisa bem mais mesquinha, como chamar à consciência do erro "liVerdade"...

Assim - enquanto os ignorantes de tais cantigas (os meninos de Huambo) vêm e vão com a "Liberdade", temos que ruma o barco próprio sem mais rota ou destino  do que aquele que por outros foi aprontado...

"Homem do Leme" já não existe - pois esse é um carácter bem traçado... e nos tempos que CORREM não há disto - pois tudo corre para todo o lado...

Faz lembrar o mau jogador de bola - que olha o esférico assombrado - correndo para onde rola a branca figura, sem compreender que é nos olhos que o adversário deve ser olhado...

Assim - nos tempos ditos "modernos" (tão modernos como em qualquer lado - seja a Roma prostituída seja no Egipto o Faraó Afogado) andam os valores em venda, como em venda anda o Ouro dos nossos antepassados...

Porque - já me diziam em criança acerca do andar e andar em companhia: se caminhar implica perder os VALORES, então mais vale caminhar SÓS que mal acompanhados...

Egrégios é hoje palavra mansa - que se lembra à criança nos desafios de futebol - enquanto as quinas cantam minguadas, hinos recortados antes de nascermos nós...

Que contra Canhões avancem os ignorantes e todos os que entenderem "coragem" com um louco som:

avançar - avançaremos - com consciência do risco e da viragem  - contra Bretões avançaremos nós!

que a letra não se engane e não enganem os que poder exercem sobre o legado dos nossos avós...



Assim - muito me espante - ouço palavras transformadas em PÓ...

Ouço vozes de povos errantes e vejo bandeiras que não o são...

Como pintar estrelas douradas, quando é o sangue de escravos que lhes dá a cor?

Preferimos o púrpura escarlate, ou o negro de luto pelo que já não sou... mantenho o verde esperanto de que a nós acudam  os que a virtude elevam simplesmente por ser quem são;

Homens de alto talante, daqueles que a Escolástica nunca quis no seu quintal...

Gentes curtidas pelo tempo, a vida e a perspectiva - de que Nobreza existe no coração;


Agora - de Mestres ia o conto... daqueles que tampouco vão... para onde lhes comanda a vontade, para onde se dá o que escorre do peito e em roxos botões se espalha no chão...

Havia os que faziam o traço - e a sua linha era fina.... definida... clara... concisa... sem necessidade de apelo ou agravo... sem artes retóricas para a concretizar...

Havia os de cabeça alçada... os de olhar firme e fronte erguida... havia os de palavra clara, voz firme e atitude decidida...

Havia aqueles cuja mão não suava e cujo gesto não tremia... quando sentia sua mão apertada - era força e verdade aquilo que sabia... sem lhes estudar uma letra só...

Havia os que não se realçavam... aqueles que - simples - entre povos passeavam - suas voltas estranhas, seus caprichos bizarros... e o povo com eles crescia... nele se inspirava...

Muitos os não viam... poucos os entendiam... mas eram marcos dourados... pilares da vida...

Eram os de fronte iluminada... olhar cansado e pleno vigor... os que vigas sustentavam  e paredes levantavam para todo o lar que formava o povo em redor...

Eram aqueles silenciados... pelo agravo sem menção... aqueles da história apagados... os que cá dentro bramem com a voz de todos nós...

Eram altos... coroados... por ser - simplesmente - homens... só...

Guardiões de tão excelsa chama que, sabendo da sua tarefa - da tarefa que de todo os reclama - se entregaram de corpo e alma à labor de refinar...

Mentes, consciências... corpos e - com a calma e paciência que o tempo derrama... elevar o ser interno sempre que houvesse um "sim" interior...

Hoje vejo seres... de tal conhecimento dotados... de tal saber alimentados... mas dos quais não compreendo o seu clamor...

Como se digladiam em assuntos bizarros... escoando sua arte para o chão sem honra ou valor...

Como seres que são mais do que sabem, se deixam levar por querelas assim?.... como Homens de alto talante, se envolvem em discussões que não têm fim?...

Se o sexo dos anjos é para ser deliberado... seja essa sua tarefa final...

Que o Pelicano deixar seu alvo peitointocado - façam deles sacrários e em pedra guardem seus rostos em atitude virginal...

Pois - se não sangram eles - pelos que lhes foi confiado a guardar... para que querem as armas que se lhes são dadas para lutar?

Combater a injustiça... iluminar a ignorância... amenizar as águas quando o caos está a chegar...

Capitães das luzes altas - que fazeis com vosso estridente rumor?...

Pedras é o que tendes - em honra de todos os vossos ancestrais? Onde o louvor a todos todos os que se sangram - por dar mais à tarefa original?...

Que fazeis gentes parvas - com toda a graça que se vos deu a guardar?

Usais o saber para guiar gentes cada vez mais altas... ou para reduzir todo aquele que vos olhe como igual?

Lembra ser que caminhas - lembra onde termina o teu caminhar... assim sendo - sê livre! E caminha erguido até ao final!

Lembra ser livre... lembra o que vai no teu chão... todas as sementes plantadas serão o fruto que OUTROS recolherão...

E lembra - tu que plantas macieiras - lembra a tua humilde e excelsa função - dar de comer aos que têm fome mantendo afastado aquele que não digno de tão alta razão...

E - mais uma vez - por favor - recorda, que os discípulos um dia te olharão: com o respeito sublime que recolheres em toda e qualquer palavra, acto ou omissão...

...em todo e qualquer dos seres que no mesmo sentido caminham com eles levando a mesma missão...

Teu destino é ser pequeno... tua sina é passar sem uma canção...

Teu nome para sempre velado... teu fardo saber que poderá não continuar a tua missão...

Agora - o respeito que ganhares, quando o testemunho passares, a todos aqueles dignos de te chamar de "Irmão" - é o garante de que - olharás nos olhos sempre que olhares entre a irmandade que a ti te Encontrou...

O resto - já o sabes - que ao chegar o momento da separação... todos os que acompanhares mais perto estarão...

Tu ficarás algures... num ignoto e desconhecido local... com eles partirá tua essência e neles repousará teu valor...

Por isso - assim os alimentas: porque é por aquilo que te manda a Vera Razão.... sempre a Sua vontade e não apenas a do homem rezingão...

Desperta maGo das idades... desperta do teu sono milenar!

Que dormentes começam a ficar todos... e a sombra se estende como o réptil que desliza sem guarda, custódio ou travão...

Lembra- tu que és grande!
A tua estatura depende da tua função:

Se partilhas a excelsa chama: de forma honorável ele iluminará teu coração...

Se a tua vontade tolda face verdade... e te esqueces do porquê de estares em pé... do círculo se esvai o teu nome e o fogo queimará tua visão...

Assim é nos círculos das eras... no recinto sagrado que pisa o teu irmão

Assim nos recintos antergos, nos que outrora falávamos - livres de circunspecto manto de sujeição...

Mestre aquele que com sua recta atitude e sua nobre condição - caminhando desapercebido entre os que o chamam - chamando-os pelo Nome vai despertando os irmãos...

E MESTRE - apenas há um... por isso, com silêncio despeço esta carta.. que fala de coisas das que já não lembra ninguém...

Saberes perdidos no burburinho dos que reclamam, dos que desesperam, dos que se proclamam, dos que se exasperam... enquanto entre nós não houver coesão...

Non Nobis Domine



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