domingo, 20 de janeiro de 2013

O TIGRE E O DRAGÃO - R - I - o que é Kung-Fu



"1-     Para mim kung fu, é nada mais do que o derradeiro caminho da vida, o único caminho que realmente nos eleva para lã daquilo que o mero animal é e nos eleva ao nome de Homem, o verdadeiro Homem, não em força , mas sim em espírito e atitude, pois o que nos diferencia dos animais não é um polegar, mas sim o amor que compartilhamos com todos nós. E para chegar a este destino é preciso muito treino e esforço físico e mental, mas esse esforço apenas nos da resistência e mais anos de vida."

O tempo é medida de qualidade… para que quero um calendário que conta os dias pelo seu número, um relógio que pauta a minha existência pelos seus segundos – se é a qualidade revelada na opção consciente de me integrar na Harmonia que me gera e dá origem o verdadeiro sentido de “Subir a Montanha”?


Há uma “encarnação” – no sentido em que a consciência se torna complexa quando ligada à sua complementar cristalizada; como água que permeia uma esponja, a consciência é absorvida ou mergulha na essência e se faz una – uma RÉPLICA (um harmónico) da ONDA FUNDAMENTAL.
O caminho marcial – como caminho válido entre caminhos válidos – incorpora as várias dimensões do estar Humano – o físico e a sua dimensão corporal (com toda a sua geometria sagrada (desde a medida dourada à sequência de Fibonnaci, passando pelas proporções, pelas sintonias electromagnéticas que nos rodeiam… nos perfazem…).



Tudo isto sabemos hoje – e ainda assim – não confiamos (segundo princípio do WU-DE – confiança: no sentido da existência e por transcrição direta – confiança nos companheiros, na vida, no potencial humano, no sentido da prática como caminho e via).

Tudo isto acumulamos em saber teórico… agora – qual a ponte, o MÉTODO – p+ara transformar esta verdade ainda meio intuitiva em um caminho pragmático, concreto, acessível, versátil… como um caminho de Santiago que albergue os vários caminhantes de acordo com o seu ritmo e interesses mantendo o fluxo na direcção certa e no sentido evidente: a gota, que se faz rio – vai confiante para o seu (A)MAR… sabendo – como sabe o que chega a noite e despe o fato, coloca o pijama e se prepara para sonhar… no dia seguinte estará lá – pronto para despertar, para mais um dia, para mais essa maravilhosa experiência do SER que se fez fragmento de luz no prisma daquilo que chamam de “alma”… sua luz particular…



Assim, qual o caminho, qual a prática, qual a via que INTEGRE o ser humano por inteiro e lhe brinde o reforço constante para “despertar” (que é o mesmo que recordar a consciência de si dormente) da realidade imanente que lhe é dado a experienciar enquanto fragmento de luz… enquanto acorde na melodia… enquanto parcela da vida: que É A VIDA.



Nas Artes, aquilo que não deixa resíduo, que não causa atrito, que flui em harmonia com a FUNDAMENTAL – como o acorde bem timbrado, o som do canto bem colocado, o movimento grácil que passa sem rasto – pelo seu fluir natural… este é o caminho, a via… o ser UNIVERSAL – e nós chamamos “KUNG-FÚ” à materialização em ato concreto deste ser, sentir e integrar a harmonia de forma consciente – a ela apontando a aspiração e nela colocando a nossa devoção: a CONFIANÇA – de que alimentando padrões harmónicos a harmonia desperta em mim e no ser envolvente… quebrando-se assim os véus aparentes que separam o dormente da VERDADE desperta de ser em sintonia UNIVERSAL



Assim – eis o caminho, a via e a virtude…

Kung-fu: mestria (igual a si mesmo, completando a promessa latente, o potencial dormente – que lhe foi confiado ao ser gerado) o praticante encontra no seu mérito, o resultado direto – o elo de ligação ao universo – que lhe declara em canal particular aberto – o acerto dos seus passos, a harmonia dos seus desígnios e a sintonia com a verdade maior que emana desde dentro e ecoa em toda a parte…
Kung-Fu - “o bem feito”, a harmonia consciente entre vivência (interioridade plena), movimento (exterioridade manifesta) e a Forma (Dao, Tao ou estrutura, via de encontro: máxima eficácia, mínimo atrito);

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