sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Mestre Nelson Barroso - Conceitos da Prática de Chi Kung - PARTE I


E - agora - um interregno para que o Mestre Nelson Barroso nos fale acerca dos "CONCEITOS da Prática de Chi Kung", do seu livro:



Chi Kung: Energia, Saúde e Vitalidade - "As 18 Mãos de Buda"


"pág 32:

4. Conceitos da Prática de Chi Kung

- Na Execução mantenha o corpo relaxado.



Num corpo tenso, a consciência do movimento é limitada, os movimentos deixam de ser gráceis e a sensibilidade apurada para o subtil - desde o calor corporal emanado à suavidade do "deslizar" na forma - mergulham no "ruído" da tensão acumulada;


- Sinta o fluxo energético atravessar as "portas"* de energia".



As "portas" referem-se à junção entre o esqueleto axial e apendicular aproximadamente.
Em termos Bio-Mecânicos, falamos da Junção da coluna Lombar e a Pelve, a linha intermitente representando o ponto no que as escapulas intersectam em perpendicular a coluna dorsal (inserção do úmero) e o espaço que vai desde a Sétima vértebra Cervical até à junção do Axis/ Atlas.

Em termos concretos, teríamos:

Segunda Vértebra lombar, décima dorsal e inserção do axis/atlas em crânio... seriam estas chamadas, de forma "inteligente" pelos nossos amigos chineses: "Porta da Vida", Pilar do Corpo" e "Casa do Vento".

Sendo pontos focais de especial interesse no controle das Lordoses e Cifoses naturais da coluna - esqueleto axial - a consciência de motricidade fina, a angulação ideal para que a mesma seja fluída, grácil, efectiva e não lesione os discos intervertebrais (que são cartilagem), além da tonificação regular e racional da musculatura (como os para-vertebrais) envolvente - fazem deste exercício de movimentação/ visualização - um elemento importante a ter em conta no desenvolvimento da arte do Chi-Kung.


-Tenha Consciência do Chi da Terra e do Chi do Céu, exercitando-se em consonância com ambos, e baixando ligeiramente o seu centro de Gravidade;




A consciência do "calor" corporal que advém do rebaixamento do centro de gravidade implica que a abertura da cínfise púbica e a retracção/ contracção dos músculos da pelve desenvolvem o processo de "consciencialização" daquilo que se caracteriza como "energia da terra".

Esta sensibilidade própria pode e deve ser desenvolvida - no sentido da consciencialização gradual e crescente das próprias características - conhecimento de si - além do aumento gradual do nível de flexibilidade dos músculos abdutores e de toda a zona interna da coxa que suporta o fémur: isto como premissa mais básica dos múltiplos benefícios inerentes a ganhar consciência das subtis diferenças que se entrelaçam no nosso ser/ estar humanos.

O abaixamento grácil, gradual e fluido do centro de gravidade (correspondendo à segunda vértebra lombar, dois dedos abaixo do umbigo, uns 6 cm no interior da zona abdominal baixa) permite o desenvolvimento de uma contracção muscular localizada, tanto da estrutura da pelve como do baixo abdómen - que, de forma gradual e contínua - permitem uma "elevação" de tensão/ energia/ consciência refinada:

de "Jing" - essência ou força motriz bruta, através da observação e prática consciente elaboramos "Chi" - energia vital humana de integração e desenvolvimento de tarefas concretas... e daqui para o nível de qualidade diverso (ou refinado) por ter sido "filtrada" através de exercícios com correcta bio-mecánica e visualização consciente e activa significativas (algo que os amigos chineses denominam como "Shen"...);

A "energia do céu".... comparativamente à da "terra" - refinada, leve, em sintonia com o alto dan-tien, desenvolvida pela refinação da corrente Jing-Chi-Shen -  implica uma outra gradação:

 que é suave, subtil e "fresca".

Ambas as forças se entrelaçam na "pequena circulação":

- que traz a força da terra através do Du-mai (canal yang regente), e que - no desenvolvimento do exercício da forma, da respiração fluída e harmoniosa e da visualização consciente -  se vai refinando até atingir os patamares de "energia do "céu".

Depois - de novo enviada para o baixo dan-tien, através do desenvolvimento consciente da canal Ren-Mai e da "anestesia" da força ascendente nele contida.

Desta forma - conscientemente - gerara-se um fluxo vital cíclico, no que as forças da "terra" - (energia densa em potência e ainda não refinada pelo movimento, respiração e visualização conscientes) se transmutam nas forças do "céu" (resultado obtido através do desenvolvimento consciente da forma, num ciclo que se auto-regula e gera o EQUILÍBRIO VITAL que o praticante almeja;


- Deixe que a respiração se efectue livremente, 
podendo respirar quer pela boca quer pelo nariz.




No início, o mais importante é começar a sentir a sensação de "fluxo". 

Todo o excessivo "tecnicismo" e "detalhe" poderão dificultar a apreensão, experiência ou vivência dessa consciência de movimento fluído - como se se deslizasse sobre águas espelhadas e cristalinas. 

Gradualmente, novos elementos poderão ser acrescentados para que a experiência seja, não apenas uma excelente forma de exercitar - bio-mecânicamente - os vários segmentos apicais e a estrutura axial do esqueleto e articulações, e sim resultando também numa óptima maneira de integrar a RESPIRAÇÃO num esquema de movimento de fluxo ou todo coeso em movimento:


grácil, harmónioso e pausado 

do corpo enquanto se exercita através das formas 


(conjunto sequencial de movimentos com um determinado fim) ou exercícios particulares (para situações específicas, como tonificar certa área ou abastecer de fluxo vital certo órgão); 

Gradualmente, aumentando os padrões de eficácia e através do treino regular - consegue-se uma melhor experiência de consciência e entramos em processo de meditação interior (meditação em movimento - outros dos patamares a desenvolver através das formas apresentadas pelo Mestre Nelson - no seu estilo Luohan Chi Kung).

Gradualmente vamos gravando de forma simples e veraz os padrões de HARMONIA e SINTONIA com a vida, os outros e o meio - dado que o Chi Kung, quando praticado em ambientes abertos, de preferência naturais em temperaturas equilibradas - representa um dos mais antigos métodos de INTEGRAÇÃO do todo holista humano;

- Não deixe a mente vaguear pelas preocupações quotidianas, 
permaneça vigilante e atento.




Estar atento... aprender acerca dos vários "ruídos" que a mente, o "eu" menor, vai emanando à medida que o movimento puro e grácil, o fluxo harmonioso da respiração, a visualização consciente da força vital em determinados pontos - vão transformando o "caos" interior em vida harmoniosa - de novo em sintonia com o fluxo vital ao que correspondem.

Sem preocupações de maior e sem entrar em conflito consigo mesm@, recorde que estas formas elementares de pensamento residual subsistem se lhes der atenção ou importância: 

o que não deseja fazer é ficar chatead@ porque um pensamento inconveniente ou disruptor apareceu entre o fluxo da prática. 

Simplesmente - OBSERVE - catalogue o pensamento - "pesadez", "atrito", "desejo", "preocupação" (mínimo grau de atenção possível - pois procurar ignorar o mesmo perpetua o eco desse pensamento por mais tempo do que se desejava) e prossiga com a sua prática.

Recorde - arte marcial (Chi-kung, Tai-chi, Kung-fú... ou outra arte marcial séria) implica um CAMINHO.

PODE PRATICAR (daqui o seu valor INESTIMÁVEL) TODA A SUA VIDA: 

terá mais ocasiões para melhorar este ou aquele elemento, desde que o seu compromisso com a prática seja GENUÍNO.

Vai ter muito boas surpresas - seja no "conhecimento de si", seja na melhoria do seu estado de saúde em geral, seja na forma como vê e se integra  com os "outros" e o "mundo".

Por isso - sorria - e persevere!

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